quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Eu e essa vocação pra cigana que nem eu mesma sabia que tinha no DNA... putaqueopariu!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

C'est la vie!

Rua do Breiner, "onde estou a fazer morada por cá"

Nessa mais de uma semana que não posto nada aqui, aconteceram MUITAS coisas que nem caberiam na página se eu fosse contá-las todas. Sim, depois da tal via-crucis consegui achar um quartinho super bacana, mas é pena que eu não contava com a astúcia da minha companheira de quarto de não vir pra cá assim que chegasse porque claro - essa é uma informação crucial - a faculdade de Psicologia fica a "alguns quilômetros" do centro da cidade (que mesmo assim é perto, dadas as proporções da cidade aqui). Mas enfim, isso está pra ser arranjado e eu estou com a cabeça muito mais fria do que normalmente ficaria se estivesse em outras épocas. Além do que, a dona da casa me acha uma "fofinha" e isso com certeza vai me ajudar a ir ficando na casa enquanto minha outra roomate não chega. E também, depois de problemas com banco, horários, milhões de vezes perdidas na cidade (em que as ruas não são paralelas, o que dificulta um pouco o senso de espaço pra quem já não tem muito), já era hora de respirar um pouco e sentar pra escrever.

Cabeça fria, aliás, é uma coisa que essa cidade está me sabendo fazer bom exercício. A paciência é uma das virtudes que se parecem mais necessárias (necessárias não, cruciais) pra minha sobrevivência aqui. Os horários da faculdade, por exemplo, são os mais loucos que eu já poderia ter imaginado na vida. Alguém aí já pensou em frequentar uma disciplina que acontecesse às segundas-feiras de manhã (leia-se 10h30 da manhã, que é quando a vida começa aqui) e depois às sextas-feiras às 15h30 ou 17h30? Sem contar as aulas que acontecem às 13h30 ou outras de 8h30 da manhã. Mas pra compensar, as matérias daqui são um verdadeiro sonho de consumo. Imagina você fazer Jornalismo e poder frequentar aulas nos cursos de História da Arte, Filosofia, Línguas e Culturas, Relações Internacionais e coisas do tipo. Imagine fazer disciplinas como esta, esta ou esta. Ou frequentar um dos cursos livres como este. Levando por esse lado, não vejo problema nenhum com os horários! Ah, e sem contar que o pessoal aqui parece meio freak (claro, recebem gente de tudo enquanto é canto do mundo) e fazem umas ofertas de cursos nas línguas mais esdrúxulas que você imaginar (as mais recente que vi foram Romeno e Neerlandês. Claro! Como é que eu nunca tinha pensado em aprender Romeno antes?! Como consegui viver até agora sem falar nada de Árabe?).

Mas no mais, a cidade é linda e sabe conjugar muito bem o antigo e o moderno. Ao mesmo tempo em que se tem um sistema de transporte como o Metro do Porto (excelente se comparado aos nossos metrôs!), há também costumes antigos como o do traje acadêmico (os chapeuzinhos são em ocasião da formatura, na univ. do Minho) que surgiu há séculos e até hoje alguns estudantes usam. É bonito, mas à primeira vista parece um tanto antiquado. E como eu já disse, sem dúvida esse é o lugar com mais gente de 60 e tantos anos que já vi na vida. Há velhinhos por todos os lados: nas praças, nas calçadas, nos autocarros, cafés. Mas também tem uma quantidade de estudantes que é impressionante na cidade. Brasileiros, então, nem se fala! Quando cheguei aqui tive a impressão de que no Porto havia mais cariocas do que o próprio Rio de Janeiro, porque todos os brasileiros que conhecia até então, por estranha coincidência, eram cariocas. Mas há uma mistura de gaúchos, mineiros, pernambucanos e catarinas que dá um resultado bem bacana no final. E assim, o bacana é que tem MUITO Erasmus (estudantes vindos de outras partes da Europa) por aqui. Só na casa em que estou, vivo com duas italianas e ontem recebi a notícia de que mais duas estão pra chegar. Tem uma turca com quem eu talvez vá dividir meu quartinho, e acho ótimo que não seja outra italiana. Não que sejam chatos, mas diversidade é sempre bom. É muito fácil atravessar a rua e ver poloneses, espanhóis, franceses, alemães, enfim, gente dos mais variados lugares passeando, farreando e estudando por aqui. Massa demais!
E assim, voltando aos acontecimentos, já deu tempo de ir ao Parque da Cidade, uma exposição super bacana do Harald K. (ô nomezinho complicado!) e do François Dufrène (bacaaaaaana!) na Fundação Serralves. A Ribeira é maravilhosa, com aquelas casinhas todas e o monte de cafés que agitam o lugar. Bom demais mesmo. Ah, e os portugueses estão me saindo melhores que a encomenda. Aquela idéia do "sr. Juaquiiiim" ou do "dom Manuellll" (com um L bem enrolado) que só entendem as palavras que a gente fala no sentido literal e não conseguem ver um palmo à frente do nariz não são de todo verdade. Verdade sim, que eles lêem as coisas BEM mais literalmente que nós, mas todos os portugueses que conheci até agora tem um senso de humor mais refinado, são muito bem articulados e bem agradáveis. Pude atestar isso na terça, dia cheio (e como!) mas que ainda assim me deu tempo de conversar com um português bem fixe, o Ricardo, e pude atestar bem isso da natureza simpática dos portugas. Na terça também (finalmente!! já não aguentava mais!) assisti pela primeira vez um filme inteiro num cinema em Gaia (pertinho do Porto). A película foi Os Fantasmas de Goya, e eu nem vou me estender muito porque é capaz de a página do blog nem carregar se a coisa fica muito maior do que já está. Mas o Javier Bardem e a Natalie Portman estavam ÓTIMOS!! Mais por ela que por ele, mas foi um alívio ver um filminho com companhias agradáveis como foram as minhas esse dia.

E pra fechar, ontem assisti uma peça de teatro de rua MUITO BACANA na parte baixa da cidade. Era um teatro de bonecos muito bem articulado e que foi uma viagem, literalmente. A encenação foi feita por um só ator, que fazia todas as vozes e efeitos sonoros (com apitos uma gaita e muito fôlego) do pequeno cenário (uma mesa com areia, cercada por luminárias grandes e com personagens feitos de penas, pano, pregadores de roupa, um carrinho e uma vaquinha de brinquedo, e claro, bonecos, naviozinhos e toda uma pequena parafernália criativa), que era passagem direta pra memórias da infância. Tudo bem que o cara era francês e eu, cá pra nós, de francês não parlê nien (ô falta de cultura, hein?!), e fiquei lá só vendo as encenações e fazendo um guessing game com o que ele talvez queria dizer, mas que era impossível não sacar nada porque a expressividade do ator lá tava uma arte. Mas os detalhezinhos, as piadinhas com os italianos (que só vim a saber depois da peça), não saquei nada. Mas muito bem, quem sabe eu "desista do Romeno" e vá aprender algum Francês?!

domingo, 9 de setembro de 2007

Sobre via crucis, picheleiros e castanholas

E finalmente, depois de uma via-crucis bem longa (e puta cansativa) pela cidade, consegui achar um quarto. É bem perto da faculdade e da parte mais central do Porto e é um lugar que vale a pena pela qualidade. Mas por esta semana estou ficando na casa da Ana, que a propósito é jornalista e tem um senso de humor que, julgo, é um pouco incomum para os portugueses (ainda com aquela idéia pré-concebida sobre o humor deles de antes de vir pra cá, mas com o tempo descobre-se isso). Cada conversa trivial acaba sendo fonte de mais verbetes novos e diferentes do nosso Português. Já deu pra sacar uma centena deles nessa semana que estou aqui. Daqui a pouco saio da cidade apetecida por comer um chouriço mas talvez precise pedir à minha irmã que vá ao talho por mim (mas isso não antes de dizer a ela pra se lembrar de colocar a carne no frigorífico da cozinha), porque estou no meio de uma conversa muito gira com o picheleiro que foi olhar umas instalações da cozinha e não posso deixá-lo lá a monologar, por mais chato que seja falar da vida de como os queques da zona sul não o pagam bem por seu trabalho.
(...)
Mas enfim, a cidade tem aquele quê de provinciana, apesar de grande, e é o lugar com mais gente de cabelos brancos por metro quadrado que já vi. As lojas de doces e quitutes são de dar (muita) água na boca e gostei muito mais da fruta do figo puro do que se ele estivesse em compota, como a gente come na terrinha. Já meio que começo a me acostumar com os jeitos e trejeitos desse lugar e não espero que me adapte totalmente, mas que pelo menos consiga escrever como o pessoal daqui porque isso com certeza me será BEM útil.
(...)
Hoje visitei uma feira medieval muito interessante (dos Hospitalários no Caminho de Santiago) que acontece anualmente aqui no Porto (Matosinhos, na verdade, que é Grande Porto) no Mosteiro de Leça do Bailio, que é um castelo lindo e faz com que a gente se sinta realmente na Europa. A atmosfera da noite fresca ajudou ainda mais a criar o clima da coisa e foi tudo muito bacana. Logo de cara, o que chamou mais atenção foi o som das gaitas de fole, já à porta do descampado que dá para o castelo. E lá dentro havia um sem-número de barracas, cujos vendedores estavam vestidos à caráter (eles e mais uma porção de atores e suporters do evento). Lá eles vendiam de tudo: desde pasteizinhos de Belém e queijo de cabra a leitura de cartas de tarô, passando pelas barracas de sapatos e gorros medievais, ervas de chá (com as respectivas utilidades indicadas), artesanato da época, gaiolas, enfim, uma porção de coisas (até narguile pra vender tinha). Além disso, os falcões, as encenações de teatro - e principalmente a música (com direito à castanhola, charamela, tamboril, corneto e tudo mais) - completavam o cenário super interessante, capaz de apaixonar qualquer turista que se preze.
Eu ADOREI o negócio lá. Foi bom demais da conta!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

First Impressions on Earth


E aqui estou eu, "curtindo" o calor (sim, calor digno de BH nos seus piores dias) dessa cidade curiosa que é o Porto. Depois de uma viagem longa e excessivamente cansativa - além do trajeto BH-Rio by bus, das filas no Galeão e de toda a espera pra decolar - finalmente me aportei em terras lusitanas. Mas a viagem, mesmo longa e cansativa, teve seus pontos a favor, claro. Um deles são as impagáveis traduções de filmes pra Português lusitano. Imagine que eu vim assistindo uns filminhos lá e tipo, tava o Homem Aranha versão emo-gostosão no ar. Muito bem, parei pra ver e algumas cenas depois o Tobey Maguire vira pra Kirsten Dunst e diz: "you were great", traduzido por "tu estiveste formidável" (!), e outras coisas do mesmo naipe. A televisãozinha do plane foi o que me ajudou a passar algumas horas, as que não estava cochilando (mal) ou lendo alguma coisa. Mas cheguei.


Cheguei aqui ontem, e bem, já andei uma partezinha da cidade que deu pra ter uma noção de como são as coisas aqui. Bom, a cidade é grande, embora as distâncias sejam menores, e há muito dessa harmonização do velho com o novo. Na rotunda da Boavista, por exemplo (a praça mais legal que vi até agora) tem uma escultura enorme do herói português Mouzinho de Albuquerque e data do século XIX, e logo mais à frente tem a Casa da Música, que é bem mais moderna e arrojada. As duas vistas juntas são algo muito bacana de se ver e têm uma harmonia linda. Adorei! E também tem a praça da reitoria que é um espetáculo. É a praça Gomes Teixeira , mais conhecida como praça dos Leões, e é lá que fica o café Piolho (nome estranho pra um café tão famoso, né?) que ainda não pude conhecer por dentro. Mas essa praça num conjunto é linda demais. Tudo nesse lugar (centro histórico do Porto) lembra Ouro Preto. Uma das ruas que desemboca nessa praça, a Travessa de Cedofeita, é o retrato -menos íngreme- das ladeiras ouropretanas que eu gosto tanto. Os prédios que vi da Universidade até agora são todos lindos. O da reitoria tem um museu conjugado e por dentro me lembrou o museu da Inconfidência, na praça Tiradentes. As pessoas, além do sotaque engraçadíssimo (diga-se de passagem que tive vontade de rachar de rir no meio do saguão de um supermercado ao ouvir um anúncio publicitário da rede no alto- falante. Sensacional!), são muito solícitas e andam arrumadinhas (talvez isso eu também aprenda antes de voltar).


Por enquanto estou na casa de uma amiga que conheci por um site de mochileiros e ainda estou à procura de uma "morada definitiva", o que não acho que vai ser muito difícil de achar. O calor tá de matar - hoje os termômetros registraram 37 graus - mas em compensação, uma garrafinha de água mineral, dessas de 500 ml, me custou 0.09 euros hoje. Nem acreditei quando vi. E sim, tem vinho do Porto aqui por menos de 4 euros a garrafa. É, rapaz... achando que é brincadeira?! Mas a única coisa que tomei foi água e suco, que aqui eles chamam de sumo. Mas, falando em isso que eles chamam daquilo, vou fazer posts posteriormente só sobre isso. É cada coisa que dava pra fazer um dicionário! hahahahaha


Cenas dos próximos capítulos virão. Minha "insônia" já tá indo embora.