terça-feira, 26 de maio de 2009

Quando dormir quase deixa de ser um hábito, e a sensação de embriaguez é quase a mesma de quando se está meio sóbrio, meio stoned, meio after-post-qualquer coisa, meio over, over tudo isso... nada melhor que uma boa companhia para passar os minutos, que por eles só já passam sem que a gente se aperceba muito disso. Saudades de casa? Ansiedade por mais um dia em que não se sabe como vai terminar? Saudade do que se foi e do que será? Ou será simplesmente a tristeza que não tem fim... como já dizia Jobim? Essa tristeza que é como o mar, que vem em ondas, costuma ser revolta de tempos em tempos, deixa espaço para a sua benevolente calmaria na estação baixa... e é tão vasta que se perde de vista? 
É bonito isso de ser triste?

domingo, 24 de maio de 2009

De trás para frente, de frente para trás

24 de Maio de 2009, 1:49. Vão-se quase 3 meses de intermitências, tempo o suficiente pra digerir muita coisa do meu assaz conturbado "monthly me", porque daily nunca o foi, desde o início. O tempo passa sempre de trás para frente, com os segundos passando pelo fio do tempo sem cessar, mas hoje me deu vontade de contar algumas coisas de frente para trás, a começar das poucas horas que se passaram. Há pouco menos de duas horas, estive - a tiracolo da Manaíra, uma amiga porreta de Maceió - a ensaiar uma entrevista muito bacana depois de um show bastante intimista da Stacey Kent. A voz aveludada da moça saía ainda mais fluída ajudada pela pronúncia clássica e perfeita daquele Inglês que todo anglófono não-britânico adorava ter. Sem contar, claro, com o facto de ter como plano de fundo aquele ritmo todo jazzy que enchia os ouvidos da feliz audiência, presente naquela sala que não era nem a Casa da Música, nem Passos Manuel, nem teatro algum. Não faltava nada no auditório da FEUP: a acústica estava ótima, a iluminação bem pensada, e o show... foi lindo. Adorei escutar Águas de Março e Samba Saravá em francês, o Corcovado à Bebel Gilberto e Stacey Kent quase que à Nara Leão. Sua personalidade simpática e ar apaixonado (isso também ajuda, e muito... os olhares cruzados com os do marido, saxofonista e compositor Jim Tomlinson em palco davam pistas de onde vinha a inspiração) deram o tom. E o ser simpática e interessada pelas pessoas e pelos lugares também fizeram a entrevista fugir do trivial. Muito bacana. Maybe I should play the journalist more often!

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Depois, equilibrar trabalhos tem sido de novo, um desafio. Gerir mal o tempo e os recursos disponíveis é praticamente um suicídio na sociedade pós-neo-moderna desse prozaquiano século XXI. A isso nem faço comentários. Mas é aquilo que tava lendo outro dia e que já não me lembro mais quem disse: "there's no such thing as hard work, just work that's not done on time"... ou a lei de Alzheimer, aquela que diz que "uma pessoa vai cumprir uma tarefa usando necessariamente todo o tempo que tem disponível para executá-la" ou coisa assim. Ou seja, se tiver um mês pra fazer um trabalho, vou fazer aquilo em 29 dias e 23:59 horas. Se tiver uma semana, uso apenas todos os 7 dias que tenho (ou talvez os 6 e alguma coisa que restam). Bah. Papo cansativo. Só sei que amanhã vou enfiar a cara no meu projeto de PIUE e ver no que dá. E depois, as coisas vão acontecendo... é bom ver que elas se desenvolvem e se desenrolam de alguma forma. Entrar pra colaboração na UPMedia tá sendo muito bom pra me sentir mais viva e mais "multitask", com a Aiesec a mesma coisa. E depois ainda há as otras cositas más.

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Putz, tô com um sono...
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E o que eu não fiz ainda foi algo que acorda comigo e dorme em cima da minha cabeceira todos os dias: colocar em palavras (on-line, ao menos... porque palavras existem em todos os meios possíveis e os que a gente inventa) a minha grande viagem, a viagem dentro da viagem dentro da viagem nessa epopeia europeana que está prestes a chegar ao fim do primeiro capítulo.

Sem dúvida que dias curtos, intensos e muito interessantes fizeram muito bem pra mim e pra minha saúde mental, mesmo nas coisas que não foram tão boas assim, mesmo nas mais complicadas e um bocado twisted. E o bom disso tudo é que tenho a certeza de que fiz um bocado mais que o simples turistar para postar fotos no quadro imantado das memórias no fundo da gaveta, Facebook ou coisa assim (embora isso não impeça de disponibilizar as imagens pra quem não esteve lá)... Mas antes de tudo, acho que é preciso se estar preparado para visitar um lugar, porque aquele impulso, aquela vontade e aquela curiosidade que te impelem de ir pra algum canto não é nada mais do que o lugar a te escolher, antes de você escolhê-lo. Isso não precisa ser um impulso pra ser respondido de imediato nem ruminado em excesso, pode ser uma coisa acalentada durante muito tempo, ou tempo nenhum, mas o que conta é se você estava preparado para ir, se você realmente esteve lá. Eu espero ter estado em todos os lugares em que estive. O contraste de pessoas e paisagens em tão pouco tempo foi quase que um tratamento de choque. Do calor (humano, claro e inclusive) das ruelas e castelos imponentes italianos, vespas estacionadas aos montes, pessoas tagarelando e gesticulando em alto tom e a bela língua de Dante a ser falada em cantados diferentes foi diametralmente o oposto dos céus cinzas do lar do Manchester United. Eu que pensava que não falava nada de italiano e que tinha um Inglês fluente (óbvio que Italiano é Italiano e que a língua falada em Manchester ou em Glasgow tá bem longe do Inglês)... E fazer essas viagens tendo como companhia as lentes de uma câmera, uma mala e alguns papéis simplesmente não tem preço. As pessoas que me foram cruzando o caminho também fizeram com que ele se tornasse ainda mais especial. Mas porque fizeram parte da viagem que encontrei lá, esperando que eu a vivesse. Tudo o que eu queria era simplesmente me diluir naquele(s) lugar(es), me mesclar com a paisagem, sentir as pessoas, entender o que me passava pela retina. Porque estar de olhos abertos e tê-los fechados ao mesmo tempo deve ser algo doloroso demais pra ser percebido, admitido. E daí fecham-se os olhos logo de uma vez e vai-se apenas tirar fotos pra ver em casa mais tarde.
Time will tell...