quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Today's fortune

"A well-directed imagination is the source of great deeds".

Prova de que o Orkut pode até ser útil ao colocar esses óbvios ululantes. Bom, né?

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Um, dois, três fins de semana




Depois de uma tentativa frustrada de blogar aqui (a idéia de fazer um texto bonitinho no Word pareceu realmente não dar certo, e a máquina engoliu todas as minhas palavras quando eu já estava no fim... é de desanimar ou não é?!)

Mas enfim, a viagem a Madri era algo que ficava pairando sobre a minha cabeça, pendendo de um lado pro outro, sempre presente no ar e eu sabia que precisava falar disso (claro). A viagem em si foi há dois fins de semana, e não vai ter tempo que apague as memórias boas dessa escapadinha. Foram três dias muito bacanas, em que rolou quase de tudo: visita ao Museu do Prado, quase-jogo no estádio do Real Madrid, protesto de motoqueiros (em frente ao mesmo estádio), festa ao ar livre, desencontros com meu host (devia pular essa parte), quarto de hotel partilhado com mais 4 amigos, noite mal-dormida no aeroporto de Madri e um barzinho de tapas, hmmm... desses de tirar o chapéu (acho que o dono do bar devia conhecer o Fernando Alonso, tinha uma foto de todos os famosos espanhóis que passaram por lá e do Alonso tinha um pôster...).

(...)

Já no fim de semana passado, aconteceu a terceira edição do "Art no Flat", aquelas festinhas com exposição de arte que das últimas vezes tinham sido na sexta-feira (acho que é mesmo o melhor dia pra se fazer isso...). Dessa vez foi no sábado e não foi como as anteriores porque tinha menos gente (uma revoada de estudantes estava em Liboa em uma viagem promovida pela ESN da Univ. do Porto), e muitos dos que estavam lá eram amigos dos amigos, então, não conhecia metade deles. Mas enfim, foi bacana porque a Sofia, uma outra amiga do Tiago, expôs uns quadros (que ela utilizou a xilogravura pra fazer), e eram assim, bem pessoais porque meio que contava a história da família dela (com umas fotos de pessoas importantes na biografia da moça, sobrepostas com as datas de nascimento dessas pessoas). Muito bacanas os quadros...

(...)
(Atualizando: as fotos daí de cima são do fim de semana descrito logo abaixo. Na primeira, estamos a Marjorie, dona Dina, tia do Tiago, Olga ao lado do meu cabelo, ao fundo, e Ania à frente, e todas na casa da senhora simpática que fez a fotinho com a gente. Embaixo, estou com a cidadezinha de Sanabria, na Espanha, perto do olhar e longe das mãos... e que ventinho!
Continuemos pelo relato.)

E o fim de semana mais fresco na memória, este que acabou de terminar, foi super, mas super bacana. Três amigas (as polacas Ana e Olga e uma compatriota, a Marjorie) e eu fomos com o Tiago visitar uns parentes dele em Chaves, uma cidadezinha bem mais ao Norte (quase na fronteira com a Espanha), e foi muito, mas muito bacana ver como se parece o countryside Português (e de quebra um pouco do Espanhol também, porque de Chaves fomos visitar o vilarejo de Sanabria, já além da fronteira). Em Chaves ficamos na casa da tia do nosso bon ami, a dona Dina, que de portuguesa só tem a cara e o sotaque... ela nos recebeu tão bem que parecia ser mineira, sem bairrismo exagerado. Chegamos lá já era noite, e fomos dar uma volta pelo lugarejo. O frio tava de lascar, mas o passeio valeu a pena. Passamos perto da ponte de Trajano (que atravessa o rio Tâmega), que é uma construção romana com quase 2.000 anos de idade, feita por volta do fim do século I e início do século II. E o mais legal é que, como me contou a dona Dina, o "gentílico" dos moradores de Chaves não têm nada a ver com chaves, chavenses, "chaveiros" ou coisas do tipo. Eles são flavienses, porque quando foi fundada pelos romanos, Chaves se chamava Aquae Flaviae. (!)

E no domingo, acordamos cedo e depois do café visitamos uma pequena joalheria, negócio da família Laço, iniciada pelo avô do Tiago, e que agora estava sob os cuidados da dona Dina e de mais dois tios. O triste é que parece que depois deles ninguém mais quer tomar conta da loja, então a tradição de família corre o risco de morrer com eles... Mas depois da visita fomos à Sanabria, na província de Zamora, na região de Castilla e León. Já a estrada se mesclava com uma paisagem espetacular: estradas sinuosas em harmonia com árvores de todos os tamanhos, nuas e semi-nuas com folhas em tons de ocre, dourado e laranja. As montanhas lembravam Minas, mas a vegetação e as formações rochosas que as cobriam não deixavam esquecer nem por um minuto que aquilo era a Europa... e o nosso destino era um lugar simplesmente maravilhoso - um vilarejo quase que onírico, com casinhas que lembravam contos de fadas. Sem falar no castelo feito pelo conde de Benavente (do século XV) e de outras construções preservadas desde a época medieval (como o lugar que abriga a Câmara Municipal e a igreja de Santa Maria del Azogue, que é do século XII). E o lago de Sanabria, o lago... é um cenário paradisíaco: à frente, montanhas, atrás, uma floresta que ficava ainda mais interessante com aquelas folhas douradas caídas, iluminadas pela luz do entardecer e envolvidas por um vento que carregava as folhas e fazia ondulações na água (transparente) do lago. À beira do lago, um banco de areia que forma uma praiazinha, e a maravilhosa sensação de se ver as pedras coloridas no fundo das águas limpas e frias do Sanabria. Fizemos um piquenique por ali (que incluía pastéis de Chaves, cuja receita eu tenho que mandar pra minha avó) e depois fomos às montanhas, a uma hora dali. De novo aquele cenário lindo, com os picos das montanhas cobertos de neve à frente, até que finalmente chegamos mais perto do topo da montanha. Era lindo ver como mesmo debaixo de neve ainda tinha vegetação verde, e bem verde. A sensação de se estar dentro do congelador foi boa (diferente, claro), mas quando já não dava mais pra sentir as pontas dos dedos por debaixo das luvas, já tinha passado da hora de descer...
E depois, de volta à casa da dona Dina, jantamos uma feijoada trasmontana de dar água na boca, "conversamos" um pouco e fomos à casa de um outro tio do Tiago, o seu Zeca, que recebeu a gente de braços abertos e lareira acesa.