segunda-feira, 26 de maio de 2008




Hmmm... Recomendo. Esse livro do português J. P. Coutinho foi uma ótima companhia esse fim de semana nos intervalos entre os teoréticos e os filmes que ocuparam os outros 80% das minhas pobres 48 horas de descanso. Me parece que por enquanto só saiu em Portugal (pela Quasi ed.), mas antes de voltar pra casa levo um exemplar pra quem quiser emprestado. ;-)

O Coutinho é colunista da Folha, e aqui compila algumas de suas crônicas (os "sambas" e os "chorinhos") de uma forma muito leve e irreverente. Despeja na cabeça do leitor a sua vasta sapiência (e sua "velha opinião formada sobre tudo"...), dividindo suas impressões sobre os mais variados assuntos, desde literatura a culinária ou política internacional.

Mas o mais interessante é a forma como ele se dirige aos leitores brasileiros, como usa e abusa do seu domínio refinado do Português para aproximar as partes do velho e o novo continente que falam a mesma língua.

De novo, recomendo!

quarta-feira, 21 de maio de 2008

This is (not) so last week!

Porque recapitular os dias de sol antes das deadlines é uma terapia que impede a pessoa de arrancar os curtos cabelos da cabeça... :-)


Domingo, 11 de Maio de 2008:

Uma pequena viagem (a Coimbra!) era mesmo indispensável para nos despedirmos em grande estilo do Tiago antes que ele tomasse seu rumo para os fiordes dinamarqueses. Larissa, Vinícius, Joana e eu fomos com ele até lá, e foi simplesmente adorável. A cidade é um pouco maior do que eu imaginava e era ainda mais Ouro Preto style do que o centro histórico do Porto, imaginem. Chegando lá, fomos direto comer doces, é claro, e pra nossa surpresa, entramos numa padaria que tinha uma maquininha de senhas e uma tela de LCD pra chamar os números. (Hein, filial do SEF? Não, era padaria mesmo...) E pra nossa surpresa ser ainda maior, realmente todas aquelas senhas tinham utilidade! Tinha mesmo gente pra encher a padariazinha, mesmo sendo em Coimbra e não em Lijjjjboa... (acho que depois daquela padaria o lugar mais cheio da cidade talvez fosse a igreja mais próxima) e depois disso, nos deparamos com uma concentração de bikers (e não é que não é a primeira vez que a gente viaja junto e vê uma concentração de malucos sobre duas rodas? da outra vez foram os motoqueiros madrileños que pararam o trânsito perto do estádio do Real Madrid, no ano passado...) que estavam numa espécie de "rally nas ruelas" a se esbaldar - como nós - naquela linda manhã de sol (não teve como não lembrar do meu irmão nessa hora... tenho a certeza de que ele ia fazer a festa!). Depois disso, fomos andando pela cidade, e como o tempo era curto, fomos ver as instalações da tão famosa Universidade de Coimbra. É quase tão velha quanto a nação portuguesa (é do século XIII) e é o que sempre movimentou a cidade. Lá, o cheiro da história se mistura com o da vida universitária, temperada com as mensagens pró-revolução e pró-feminismo rabiscadas nas paredes das ruelas de pedra por onde andamos... os prédios das faculdades são lindos e a vista do Mondego do terraço de frente pra faculdade de Direito também não está no gibi! Depois de atravessar o Mondego (não, não foi a nado!) chegamos ao lugar que é o sonho de todas as pessoas que não ultrapassam os aceitáveis 1,60m de estatura (não é a minha casa, lembre-se bem...): é o Portugal dos Pequenitos, um parquezinho onde a gente passou o resto da tarde se divertindo que nem criança. É um lugarzinho MUITO fofo! Tem um monte de miniaturas de casas-museuzinhos que representam as colônias portuguesas. É lindooooo! Pena que a casa do Brasil e da Índia estavam fechados esse dia, mas tinham várias outras, e a que mais me chamou a atenção foi a de Macau. Gente, tinham umas maquetezinhas de festa chinesa tão bonitinhas e tão bem fetinhas que dava vontade de virar miniatura e entrar... uma graça! e lá tinham umas casinhas típicas de várias regiões de Portugal, e pasmem, até uma miniatura de mosteiro... tudo isso com um monte de plaquinhas explicando a história de todos os lugarezinhos (sob um ponto de vista meio triunfalista, mas pra divertir vai bem), etc e tal. Miniaturas da história da moda no mundo numa outra casinha, um mapa enorme com os descobrimentos dos Portugueses numa parede ao ar livre... eu ia adorar ter uma aula de história ou de geografia num lugar desses quando estava na quarta série!

Depois voltamos e tivemos o fechamento da despedida com um jantarzinho e umas cervejas com os amigos. Foi muito bom, como sempre é juntar a galera e bater papo até altas horas...

Terça, 13 de Maio de 2008:

Quase 8 da noite (com o céu de 4 da tarde), encontro o Tiago fazendo os últimos ajustes para a viagem e cuidando da parte mais importante de todo o tempo que ele ia passar dirigindo: a trilha sonora. E ele foi embora pra Dinamarca, rumo aos seus pequenos desvios antes de chegar lá, e já passou por Bordeaux, Viena e agora já deve ter saído da “Praga do nosso amigo Kafka”. Já sinto falta desse rapaz em casa....

Mas ainda na terça, fui à estréia de “O Segredo de um Cuscuz” (La Graine et le Mulet, de Abdellatif Kechiche) e levei a Vivi (uma amiga gaúcha que só não vive mais no mundo da lua do que eu porque realmente não tem jeito... adoro!) a tiracolo. O filme foi muito bom, mas acho que teria aproveitado bem mais se tivesse tido um sono mais longo na noite anterior. :-)

O resto da semana:

Na quarta, quinta e sexta posteriores, trabalho, trabalho e mais trabalho, noites variando entre 3, 4 e 5 horas de sono por noite (quer dizer, acho que eu e todos os alunos normais que insistem em colocar em risco a sanidade mental todo fim de semestre. Viciados em adrenalina!). Mas isso não me impediu de asssistir “Os Amantes Constantes” na quinta... esse era um filme que eu já queria ver mesmo antes de vir pra cá. Meio longo, mas é lindo. Um espetáculo.

Na sexta, acordo bem cedo e vou pro aeroporto resolver o que tinha de resolver. Agora, com toda certeza, se nada der certo, no dia 16 de agosto coloco meus all stars em Guarulhos por volta das cinco da tarde...

No sábado, depois de fazer alguns ajustes num trabalho, Vivi e eu vamos a uma palestra em Serralves (do Documente-se), e saímos correndo de lá pra comprar umas coisas pra jantar e depois ir ao teatro. Alguém já chegou a quase entrar num teatro com sacola de compra? Não fossem as bolsas tamanho família, a gente tinha feito isso mesmo, numa boa... :-) Mas a peça que vimos foi "A Dama do Mar", baseada na obra de Henrik Ibsen. O preço foi uma facada (esperava que fosse a metade do que pagamos... acha que vida de estudante é fácil?), mas valeu super a pena. Tava tão boa que quando acabou, pensei que fosse algum intervalo intencional. Nem parecia que já tinha passado mais de uma hora desde o início!

No domingo, mais trabalho, trabalho e trabalho, mas como ninguém é de ferro, fui assistir “Escuta-me”, da cia. Era uma vez... teatro, a convite da Ana. Embora eu tenha já chegado depois da história do “fio”, achei a iniciativa muito bacana, um tipo de trabalho que merece ser reconhecido (porque acho que fazer teatro é sempre uma tarefa árdua - mas gratificante - e quando se trabalha com pessoas com algum tipo de deficiência, a tarefa é um pouco mais árdua , embora deva ser duplamente gratificante...)!

Depois disso, estava a voltar pela avenida da Boavista, quando vi o Serralves e resolvi entrar, pois como era ainda demasiado cedo para a conferência que eu queria ver, ficaria ali no museu vendo o que tinha de interessante. Acertei na segunda proposição, mas quanto ao que eu queria fazer lá, bem, tive que voltar pra casa e trabalhar, né? Mas chegando lá, vi uma instalação liiiiiinda, A Fonte de Cem Peixes. Adorei! se pudesse levar uma cópia de um peixinho desses num saquinho, não ia achar nada mal! Saindo de lá, fui a uma que não podia ser mais aminha cara (e que vou abreviar na descrição aqui porque senão fico horas só nisso!): a Vinil (que tem a logo da exposição igual ao selo da Virgin, pra começar), uma exposição de capas de disco m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a!!!... e claro, como já sabem, me esbaldei mesmo. O bacana é que não era só as capas de disco: tinha desde capas desenhadas por artistas (muito além de Andy Wahrol e sua banana num fundo branco), quadros, "esculturas sonoras", obras com bolachões de muitos formatos, vídeos, e uma mesa que me parecia a entrada pro céu: players com mais de 300 cds pra audição de toda aquele monte de aristas loucos que brincavam com o som como se brinca com as palavras. Conheci a galera de um movimento muito louco, o Fluxus, de que a única pessoa que eu conhecia era o John Cage e já tinha ouvido falar alguma coisa de Nam June Paik. Achei ótimo o dripping do George Brecht, escutei o Charles Bukowski na maior trip, além de umas coisas que a Yoko Ono fazia no tempo que a minha tia-avó era hippie... MUITO bom!!

(...)

Mais notícias no próximo capítulo... porque isso aqui tá ficando maior que uma novela! ;-)

sábado, 10 de maio de 2008

É big, é big! É hora, é hora! Rá-tim-bum! ...

Galerinha gente fina demais da conta, sô!

Conexão Minas-Turquia

A segunda estrela da festa!

Hummm, que delícia! Porque broa com cobertura de chocolate, só mesmo no Porto!
Depois do jantarzinho com as aventuras dos fab-five no Marrocos, histórias do arco da velha (com direito a quase-roubo, hotéis estranhos com gente esquisita e noites passadas em tendas!), chegou a minha vez de fazer uma festinha. Segunda-feira foi lindo, teve esse pessoal aí da foto e mais gente, além de duas amigas polacas que me fizeram sentir muito lisonjeada com o carinho delas... Ewelina, Olga e Ania, por exemplo, deram um pulinho lá em casa pra me desejar os parabéns, dar um abraço e deixar um presentinho (e QUE presentinho bacana... uma garrafa de Zubrowka! aêêê!!) , enquanto a Agnieszka veio se encontrar comigo e com o pessoal no Piolho com um embrulho com uma antologia de animação polaca dentro. Não é demais? Falando em cinema, achei super engraçado o Tiago dizendo que quando foi procurar algo pra mim, a primeira coisa que fez foi "ir direto à estante de cinema de autor!" e saiu de lá depois de 5 minutos, com um dos filmes que mais me deixou boquiaberta até hoje: o romeno "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias". Esse eu queria ver com o Mungiu do lado! :-)
Rolou também um CDzinho de jazz sueco (Lisa Ekdahl), presente da Olga, uma amiga polaca que colocou a Lisa pra tocar no aniversário dela e me deixou apaixonada pelo som nos primeiros 3 minutos de audição. Maravilha! Além disso, rolou música húngara, chocolates gostosos e até um livro de um professor meu de prenda. Esse pessoal é mesmo uma graça... mas mais importante que isso foi a presença de todo mundo, os abraços, beijos, os docinhos do Rodrigo, os biscoitinhos da Yasemin (!), os risos da Larissa e do pessoal todo, junto com o ambiente impagável da mistura de gente da Áustria (Yoyo!), República Tcheca, Hungria, Portugal, Finlândia, Polônia - e claro, Brasil - e ver que se pode tirar uma festinha super bacana de um jantar frustrado. :-)
(...)
Depois disso, ainda teve a Queima das Fitas essa semana, e claro, fui ao cortejo na terça-feira. Naquela mistureba de "doutores" e caloiros - e o contraste berrante entre os elegantérrimos fatos acadêmicos e as blusas de pano de chão em cores que saltam à vista - tinha um mar de gente, que nem Ouro Preto em dia de carnaval, e não só isso lembrava a nossa festa: tinha carro alegórico de uma porção de faculdades e até trio elétrico pra galera tinha. Pode?
Mas achei a festa toda muito bacana (tava com os amigos antes de ter que correr pra resolver umas coisas da volta pra casa e voltar pra festa), e o legal é que tinha até espaço pra um pouco de protesto - contra a insegurança de emprego que eles vão ter que enfrentar daqui pra frente, por exemplo - ... o pessoal "queima as fitas", se traja daquela forma imponente, mas na verdade não sabe se vai ter emprego daqui a uns meses ou mesmo nem sabe qual é o resultado dos testes finais - pra ver se saem da faculdade ou não. Além do mais, os calouros são tratados da forma mais espúria o possível, são obrigados por passar por um monte de humilhações, são privados da capacidade de pensar e de decidir por eles mesmos (têm de dizer, "sim, senhor doutor" pros veteranos e quase levar cafezinho na mesa pra eles... e têm quase de limpar-lhes os sapatos!) e garanto que a maioria deles nem sabe porque é que fazem parte da turma da praxe. Acho que eu tinha que fazer um levantamento assim qualquer dia desses...
Mas a festa tava bacana! Me senti uma gringa na Sapucaí em dia de desfile!
(...)
Um adendo: uma coisa menos "bonitinha" aconteceu na segunda (na verdade, de partir o coração): foi o fogo numas instalações do prédio da reitoria da UP. Parece que a coisa tá voltando ao normal, mas foram perdidos livros, trabalhos irrecuperáveis e ficou todo aquele caos que sempre fica depois de um destastre desses. Foda, pra dizer o mínimo... mas acho que lidar com esse tipo de coisa na Europa é mais fácil que em terras latinas. Quem sabe?

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Letting the steam off (a little)

Meus amiguinhos "fab-five" (Rodrigo, Larissa, Agnieszka, Tiago e Kinga) já voltaram do Marrocos. Isso foi na quarta. Vivos (graças a Deus! embora a primeira sensação que tive quando vi o Tiago entrar pela porta do corredor fosse a de que ele tivesse sido mastigado, engolido e regurgitado por um dromedário...) e com mais um pacote de histórias pra contar (vão abrir o pacotinho amanhã), bem, me sinto bem por tudo ter dado certo, e morta de ciúmes por não ter feito a parada. Imagino como deve ter sido engraçado limpar o popô com pedrinhas, viajar de camelo por Ouazazarte e entrar na pontinha do Sahara pra dar uma espiada... história de livrinho mesmo, né não?
(...)
Mas, anyways, estou aqui em vésperas de cinco de maio e espero que alguma coisa mude nessa onda de energias truncadas que pareço estar a passar. O Porto continua lindo, as pessoas, bacanas, a facul, interessante, mas tem alguma coisa aqui dentro que parece estar meio fora de sintonia (literalmente, diga-se pelo meu pobre estomagozinho). Sometimes things look REALLY like they're fucking upside down! São ondas... e é melhor pensar naquela teoria que diz que quando um sistema está completamente fora do ar, praticamente entrando em colapso, é porque a mudança tá perto. Não necessariamente pra bem, mas pra algo diferente. Acho que toda pessoa saudável desse século deve saber o que isso significa (maravilhas do mundo neo-moderno... então é normal que um sujeito saudável saiba, entenda, e até passe por situações de quase-insanidade? É normal que o sujeito saiba o que é passar por uma situação anormal pra ele ter um parâmetro mais afinado pra normalidade dele? sei lá...). Às vezes, eu gostaria de saber um pouco menos que isso funciona assim. Bueno, não é a dor que faz um sujeito se lembrar do bem-estar, e a ausência que faz a presença funcionar? não é o vazio que lembra que aquilo que te faz falta existe em outro canto? não é o caos que faz lembrar que o cosmos existe (ou pelo menos existiu)?
Ainda estou à procura dos pólos positivos pra contrabalacear essa nuvem de carga negativa - e o pior é que eu sei que isso não é TPM.