sábado, 16 de agosto de 2008

so, so cute!

Não podia deixar de postar essa animação. Que graça! Uma delicadeza nórdica tocante. The Danish Poet é um curta de 2006 de autoria da ilustradora norueguesa-canadiana Torill Kove e ganhou o Oscar de Melhor Animação o ano passado. É narrado pela (também norueguesa) atriz Liv Ullmann (mãe da escritora Linn Ullmann, que tem por pai o Ingmar Bergman). É simplesmente lindo... fala de como os detalhes da vida e as aparentes coincidências podem mudar todo o curso de uma existência, de uma forma que nem nos damos conta. É de ver e rever... chamem as crianças para a sala! :-)

domingo, 10 de agosto de 2008

Mais a gosto

Depois de o mês ter se iniciado com tropeções e pontapés (tenho que dizer, muito mal... não só em casa quanto em todo o resto), parece que a coisa se estabilizou agora e melhorou bastante com uma presença algo inusitada (!), que me deixou surpresíssima... a minha nova companheira de flat já está por cá (pelo menos não por agora, que está de volta à casa na Ucrânia para umas férias, mas para todos os efeitos, as coisas dela estão aqui...), bem antes de chegarem as companheiras do quarto ao lado.
A surpresa toda é porque se trata de uma pessoa com longa história na casa e que eu nem imaginava que fosse conhecer um dia. :-) A Svitlana é uma ucraniana muito simpática, interessante e muito consciente de si. No pouco tempo que passamos juntas (ela ficou só uns 2 dias aqui antes de ir pra casa e volta no fim do mês), percebi que ela é uma pessoa que sabe jogar muito bem com os atributos que tem, além de ser possuidora de uma energia incrível. É quase uma garota de Ipanema... porque não passa despercebida! :-) Houve uma empatia muito bacana e espero que dure. Porque em dois dias já saímos, trocamos telefones e idéias, coisas que demoraram mais de dois meses pra acontecer com as minhas saudosas turcas... e isso não se explica só porque ambas falamos Português, é claro.
(...)
Ontem, ao me sentar calmamente numa livraria, saboreando o ambiente e folheaando uns livros, me deparei com um outro título (Ensaios de Amor) de um autor que já referi antes - o Alain de Botton - e fiquei uns bons minutos completamente absorta naquela (boa) literatura de auto-ajuda, que acho que resgata muito da idéia da filosofia nos seus primórdios: ajudar as pessoas a pensar as suas vidas (afinal de contas, pra quê Sócrates ia parar um sujeito na rua e travar uma conversa com ele e fazer com que ele repensasse seus conceitos se isso não fosse para ajudá-lo?). E sobre o amor então... nunca vão se escrever coisas o bastante a esse respeito e nem todos os pontos de vista lançados desde que "se fez a luz" são o suficiente para esgotar o assunto, embora esteja já superexplorado. Mas enfim... o pouco que li (uns curtos capítulos) foi o suficiente pra querê-lo sobre a mesinha de cabeceira e reforçar a demolição dos pré-conceitos sobre best-sellers e livros de auto-ajuda, começada anteriormente com outro livro do mesmo rapaz.
Livro esse, que aliás, é sobre o qual eu havia prometido colocar algumas impressões aqui. Pois bem, o tal é "O Consolo da Filosofia" (no Brasil, "As Consolações da Filosofia"), do dito cujo citado aí em cima, e é um achado. Imagino que o de Botton tenha feito um esforço homérico para falar de seis filósofos (Sócrates, Epicuro, Sêneca, Michel de Montaigne, Schopenhauer e Nietzsche) e conseguir não chatear nem aborrecer o leitor, e mais que isso: fazer com que tudo seja lido avidamente, para muito além da "vigésima página". Nesse não-ficcional, de Botton oferece conselhos da filosofia sobre problemas que deixam a vida de qualquer sujeito com cores menos vívidas: a impopularidade, a falta de dinheiro, a frustração, a inadaptação, a rejeição amorosa e as dificuldades em geral, além de dar um vislumbre do "caminho da felicidade" através dos conselhos de Epicuro. Ele abusa do bom humor e de figuras (tanto gráficas quanto de linguagem), o que faz com que a leitura seja ainda mais leve e bem digerível. :-) Pra se ter uma idéia, fiquei completamente passada com um dos conceitos Schopenhaurianos sobre o amor (uma pessoa se apaixona pela outra na inocente inconsciência de que o que quer não é aquela pessoa e nem ser amado por ela, mas procura uma forma de garantir que a composição perfeita da próxima geração, porque "o intelecto compreende apenas o estritamente necessário para promover a reprodução e permanece excluído em grande parte das resoluções reais e das decisões secretas da própria vontade"), ou com a defesa apaixonada de Nietzsche da dor como pedra fundamental de desenvolvimento de um sujeito (eu já meio que concordava com a idéia, mas uma coisa que a gente já sabe, quando apresentada com uma outra vestimenta, fica mais interessante e reforça a essência da idéia anterior...).
Bom, não vou fazer um inventário aqui, mas acho que pra quem estiver curioso, vale muito a pena (ok, mais dinheiro entrando no mercado editorial... não admira que o de Botton tenha virado praticamente um rock star nos últimos anos!) ;-)

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Saudades de Epicuro

Porque tem hora que dá vontade de ir morar no Jardim... nada melhor que uma vida auto-sustentável ao natural. Menos cartões de crédito e contas bancárias, e mais valor às pessoas pelo bem mais valioso que têm: a própria condição humana.
(...)
Utopia, distopia e anacronismo... o tripé que uso pra me equilibrar!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Primeiro dia de agosto. Sol a brilhar no Porto, calor, muito calor, e uma estranha sucessão de eventos que faz com que a lembrança da entrada para o mês "do azar", como gostam de dizer alguns ocidentais, fique na memória pra não ser riscada na agenda como os outros dias. Voltava eu à tarde pra casa depois de ter dado um pulo no Instituto de Sociologia. Ao chegar, vejo um lençol estendido na porta de vidro da entrada, e pensei, "talvez tenham deixado um carrinho de bebê aqui embaixo e foram buscar mais coisas em casa enquanto a criança dorme e não querem que bata sol na cabecinha dela...". Ao entrar, vi que a situação era completamente o reverso do que pensava a minha inocente imaginação: a princípio achava que era um berço, mas olhando depois, vi que era na verdade quase isso, mas ao invés de ser para descanso temporário, era uma "caixa" para descanso eterno: sim, um caixão... claro que fiquei chocadíssima e fui prestar as minhas condolências ao vizinho que tinha acabado de perder a mãe, que morava no andar de cima e me parecia já estar doente há tempos. Mas a morte sempre choca e desperta os sentimentos mais solidários nas pessoas. Meu Deus, que horror... bem-vindo mês de agosto! :-(

Mas, pra completar, o dia começou com a volta da Larissa pra casa (nossa saudosa República das Bananas!) já logo cedo, e se eu não morasse na mesma Minas Gerais que tanto gosto, já teria colocado o pé esquerdo no poço molhado da saudade e terminava de cair lá dentro, porque quase todo mundo já foi embora a essa altura e por mais otimista que se seja, acho um pouco impossível poder rever todas as pessoas que conheci aqui... mas sempre dá-se um jeito de minimizar isso usando meios mais fáceis. Viva a hipermodernidade e as amizades mais perto de casa mais uma vez! :-)

Hoje o vazio ficou um pouquinho maior no meu aconchego português. Quando se para pra pensar nas horas e horas somadas de papo e de cerveja, rolos de filosofias de boteco entrecortadas de risos e abraços, os desencontros e as discussões que sempre fazem a gente pensar sob um outro ângulo... a Larissa vai mesmo fazer muita falta. E isso sem falar na acessoria jurídica que também era parte da simpatia da menina! Sem isso, acho que minha vida hoje ia ser MUITO mais complicada... :-) Volta, Lala!
E isso de hoje me fez ficar a pensar na importância dos mínimos momentos, do now, de fazer a coisa agora, de curtir agora, de falar agora, de fazer o que seja agora. Porque, por mais que eu pense que muitíssimo provavelmente meu destino para o próximo semestre já tem lugar traçado, e bem longe de casa, é bom lembrar que também vai ter um fim, a porta aberta para um novo começo.
E a vida continua (e a saudade tb!) :-)