domingo, 10 de agosto de 2008

Mais a gosto

Depois de o mês ter se iniciado com tropeções e pontapés (tenho que dizer, muito mal... não só em casa quanto em todo o resto), parece que a coisa se estabilizou agora e melhorou bastante com uma presença algo inusitada (!), que me deixou surpresíssima... a minha nova companheira de flat já está por cá (pelo menos não por agora, que está de volta à casa na Ucrânia para umas férias, mas para todos os efeitos, as coisas dela estão aqui...), bem antes de chegarem as companheiras do quarto ao lado.
A surpresa toda é porque se trata de uma pessoa com longa história na casa e que eu nem imaginava que fosse conhecer um dia. :-) A Svitlana é uma ucraniana muito simpática, interessante e muito consciente de si. No pouco tempo que passamos juntas (ela ficou só uns 2 dias aqui antes de ir pra casa e volta no fim do mês), percebi que ela é uma pessoa que sabe jogar muito bem com os atributos que tem, além de ser possuidora de uma energia incrível. É quase uma garota de Ipanema... porque não passa despercebida! :-) Houve uma empatia muito bacana e espero que dure. Porque em dois dias já saímos, trocamos telefones e idéias, coisas que demoraram mais de dois meses pra acontecer com as minhas saudosas turcas... e isso não se explica só porque ambas falamos Português, é claro.
(...)
Ontem, ao me sentar calmamente numa livraria, saboreando o ambiente e folheaando uns livros, me deparei com um outro título (Ensaios de Amor) de um autor que já referi antes - o Alain de Botton - e fiquei uns bons minutos completamente absorta naquela (boa) literatura de auto-ajuda, que acho que resgata muito da idéia da filosofia nos seus primórdios: ajudar as pessoas a pensar as suas vidas (afinal de contas, pra quê Sócrates ia parar um sujeito na rua e travar uma conversa com ele e fazer com que ele repensasse seus conceitos se isso não fosse para ajudá-lo?). E sobre o amor então... nunca vão se escrever coisas o bastante a esse respeito e nem todos os pontos de vista lançados desde que "se fez a luz" são o suficiente para esgotar o assunto, embora esteja já superexplorado. Mas enfim... o pouco que li (uns curtos capítulos) foi o suficiente pra querê-lo sobre a mesinha de cabeceira e reforçar a demolição dos pré-conceitos sobre best-sellers e livros de auto-ajuda, começada anteriormente com outro livro do mesmo rapaz.
Livro esse, que aliás, é sobre o qual eu havia prometido colocar algumas impressões aqui. Pois bem, o tal é "O Consolo da Filosofia" (no Brasil, "As Consolações da Filosofia"), do dito cujo citado aí em cima, e é um achado. Imagino que o de Botton tenha feito um esforço homérico para falar de seis filósofos (Sócrates, Epicuro, Sêneca, Michel de Montaigne, Schopenhauer e Nietzsche) e conseguir não chatear nem aborrecer o leitor, e mais que isso: fazer com que tudo seja lido avidamente, para muito além da "vigésima página". Nesse não-ficcional, de Botton oferece conselhos da filosofia sobre problemas que deixam a vida de qualquer sujeito com cores menos vívidas: a impopularidade, a falta de dinheiro, a frustração, a inadaptação, a rejeição amorosa e as dificuldades em geral, além de dar um vislumbre do "caminho da felicidade" através dos conselhos de Epicuro. Ele abusa do bom humor e de figuras (tanto gráficas quanto de linguagem), o que faz com que a leitura seja ainda mais leve e bem digerível. :-) Pra se ter uma idéia, fiquei completamente passada com um dos conceitos Schopenhaurianos sobre o amor (uma pessoa se apaixona pela outra na inocente inconsciência de que o que quer não é aquela pessoa e nem ser amado por ela, mas procura uma forma de garantir que a composição perfeita da próxima geração, porque "o intelecto compreende apenas o estritamente necessário para promover a reprodução e permanece excluído em grande parte das resoluções reais e das decisões secretas da própria vontade"), ou com a defesa apaixonada de Nietzsche da dor como pedra fundamental de desenvolvimento de um sujeito (eu já meio que concordava com a idéia, mas uma coisa que a gente já sabe, quando apresentada com uma outra vestimenta, fica mais interessante e reforça a essência da idéia anterior...).
Bom, não vou fazer um inventário aqui, mas acho que pra quem estiver curioso, vale muito a pena (ok, mais dinheiro entrando no mercado editorial... não admira que o de Botton tenha virado praticamente um rock star nos últimos anos!) ;-)

Um comentário:

Ruleandson do Carmo disse...

Cansei das minhas pedras do sofrimento! hehehe bjos!