quarta-feira, 25 de abril de 2007

Na roda-viva do mundo


Essa aqui foi pra minha última aula de Jornalismo Opinativo. Achei tão bacaninha que resolvi postar

Quantas vezes você parou para ver como o sol estava brilhando no céu azul de hoje? Ou, a quantas pessoas deu um "bom-dia!" com um sorriso no rosto? Ou ainda, quantos filmes você assistiu nas últimas três semanas? Não estranhe e nem se envergonhe se sua resposta for "nenhuma das alternativas acima" para as coisas que tenha feito. Afinal, quem vos fala aqui também é uma vítima dessa doença moderna que é a pressa. E isso vai muito além de ficar trancafiado em um escritório iluminado com lâmpadas fluorescentes, passar pelos colegas dizendo bom-dia com um copo de café na mão (numa velocidade incrível para sua mesa, porque o dia começa e é preciso trabalhar!) ou adiar aquela sessão de cinema com os amigos por meses.

A pressa é um problema de saúde pública. É uma falha na constituição da cultura do mundo moderno, que premia quem consegue produzir cada vez mais em um espaço de tempo cada vez menor. A lógica da divisão social do trabalho tomou conta da vida familiar e individual do homem moderno, gerando o estresse em todas as áreas. Todos têm pressa, mas é preciso ter sempre em mente que ninguém é insubstituível. Se alguém, visando maximizar a sua produção, sacrifica sua saúde mental e emocional a ponto de sofrer da "síndrome de burn-out", pode se considerar quase no fim da linha. Diretamente relacionada à pressa e ao estresse profissional, esta síndrome é "definida como uma reação à tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto, excessivo e estressante com o trabalho. É caracterizada pela ausência de motivação ou desinteresse; mal estar interno ou insatisfação ocupacional que parece prejudicar, em maior ou menor grau, a atuação profissional de alguma categoria ou grupo profissional", de acordo com o médico psiquiatra e ex-professor da faculdade de Medicina da PUC de Campinas, Geraldo José Ballone.

Para o médico, o "desacelerar" é uma escolha individual que deve ser priorizada para se evitar conseqüências mais sérias, como a depressão: "de qualquer forma, a pessoa que vive o estresse deve ter sempre em mente uma meta a ser conquistada e que diga respeito às mudanças de hábitos para uma vida mais sadia". Hoje já há movimentos que privilegiam o ritmo "slow" de ser. Em oposição à cultura dos fast-foods celebrada por McDonalds e similares, os italianos criaram o Slow Food e o Città Slow, cujo mote é mais vagarosidade no comer e no viver. Há também o japonês Clube da Preguiça e até uma conferência anual da Sociedade para a Desaceleração do Tempo, que acontece na cidade austríaca de Wagrain. Lá, a palavra de ordem é a alemã eigenzeit (tempo próprio).

Aderir a um destes "programas" adaptando-os para a forma como se vive no Brasil seria o ideal, apesar de que isso nem sempre é possível, porque, como sabemos, a história por aqui é um pouco diferente. Mas o professor Ballone ainda deixa uma dica (principalmente para quem não pode ir à Itália ou aos Alpes Suíços para participar dos slow movements): nada melhor para se desestressar do que fazer uma atividade física. "Exercício acaba por diminuir as tensões emocionais acumuladas, melhora a auto-estima e afasta o pensamento obsessivo da pessoa para as questões vivenciais estressoras". Mas é importante que cada pessoa faça seu eigenzeit, senão a academia pode se tornar mais um fator de estresse (...e ter o efeito contrário!).

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu tinha que comentar: eigenzeit é uma palavra tão legal.

eigenzeit

Legal mesmo. Ainda mais que eu pronuncio direitinho.

Anônimo disse...

Hot linking is not cool. You should host the picture on your own site not link to someone else's site. You may not be aware of that, but now you know.

Anônimo disse...

Então, vamos atualizar? (a propósito, esse anônimo aí tem cara de ser meio estranho)