quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Almost there!

E hoje finaliza-se um episódio de aproximadamente um mês de duração. O fim da tortura pela espera - minha, e de centenas de outros finalistas frenéticos e a essa altura, tão sem unhas quanto eu - pelo resultado daquilo que poderia ter sido uma ótima porta de entrada para dar azo à escrita no universo mágico dos textos de revista. Pelo menos nos próximos meses. Não vou poder fazer uma rodada dupla de comemorações como eu queria e esperava tanto, mas isso não quer dizer que eu não tenha motivos para comemorar: a minha suada monografia foi aprovada com louvor e passou com nota máxima pela banca, com indicações para uma continuidade do estudo num mestrado. Sou jornalista agora!! Por outro lado, tive que adiar a minha entrada no Curso Abril de Jornalismo, e reter a outra parte da festa.

Meus muitos parabéns aos talentosos colegas que passaram pela última peneira e vão entrar para a próxima turma do CAJ - muito churrasco, cerveja e bons textos pra vocês, sucesso e inspiração a todos! - e do lado de cá, fica ainda aquela sensação chata de bola na trave, mas a certeza feliz de que o jogo está bem longe dos 45 do segundo tempo. O plano de ataque poderia ter sido melhor, o nervosismo poderia ter sido menor e ajudaria certamente a não errar o passo e dar o branco na hora do lance, mas enfim... um jogo bonito minimiza um pouco o resultado ruim. E a gente sempre sabe quando é hora de avançar para o plano B, C ou D. Excesso de planejamento? Nem sempre... estar aberto às várias possibilidades é a melhor coisa a se fazer até que elas se concretizem. Talvez o único erro seja o excesso de ansiedade, que pode se tornar em certeza e virar um pouco de arrogância em certos casos. Com essas coisas, faz sempre bem a gente aprender para poder planejar melhor a próxima partida. :-)

Mas disso tudo, o episódio não deixa de ser enriquecedor em si. Aliás, foi uma vivência extremamente interessante, tão intensa quanto a espera. A primeira sensação, a incredulidade de ter sido uma das menos de 300 escolhidas entre 3272 candidatos do Brasil quase todo, foi muito mais emocionante que passar no vestibular. Senti como se eu tivesse, de repente, passado em Medicina na USP. A minha habitual languidez foi embora no mesmo milésimo de segundo em que senti cargas enormes de adrenalina dando voltas a 1000km/h pela minha corrente sanguínea. Esfrego os olhos, me levanto da cadeira pra tomar um ar, faço um refresh na página da lista pra ver se era aquilo mesmo ou se eu tinha tido uma mera ilusão diótica. Não, era mesmo aquilo e eu felizmente não estava enganada!

Depois, a espera pela entrevista, a falta de sorte de ter a data marcada fora das condições normais de temperatura e pressão - eu estava num ônibus, voltando pra casa recém saída de uma sessão do ForumDoc, e por isso quase não entendi nadinha do que estava sendo falado comigo, tive que pegar o número pra ligar de volta e coisa e tal - mas no fim, a data e o lugar estavam acertados.

Dia da entrevista, coração aos pulos, taxa de ml de suor por cm2 de pele ligeiramente maior que o normal (sem falar na tentativa de manter a calma e disfarçar tudo isso atrás de um sorriso meio amarelo e meio tranquilo). Entro na sala, dou de cara com o responsável pelos próximos momentos de tensão - e não só isso: pelo Curso também (que, fortunately, também é jornalista). Gostei muito. Nem o aparente talento natural em deixar pessoas à vontade parece ter ajudado muito. Com as mãos por baixo da mesa, eu tremia, suava, e via a terrível nuvem branca do hiato criativo tapando o sol dentro da sala. E foi branca mesmo. Só isso explica o fato de eu ter errado a idade do meu pai (quem cairia no ato falho de dar 57 anos a uma pessoa nascida em 1957?!), ter me esquecido que o filme cuja crítica eu queria comentar era o Abraços Partidos do Almodóvar (não rolava de jogar um "sabe aquele filme do Almodóvar com a Penélope Cruz?!"), ou ter me esquecido da maioria dos nomes das revistas que eu queria mencionar ou ter ficado na dúvida cruel de que a National Geographic era editada pela Abril aqui desse lado do Ocidente, porque isso era um detalhe do qual eu estava quase certa, mas não podia me dar ao luxo de errar, então preferi não mencionar. É. O excesso de adrenalina atrapalhou mais que ajudou, isso é fato. E talvez ter indicado conhecer uma pessoa bacana que conheci em uma das experiências pré-profissionais mais traumáticas que já passei na vida não tenha resultado em uma boa ideia, afinal (ou eu tinha me esquecido de que as pessoas precisam de contextos para formar conceitos sobre as outras?).

Mas mesmo que tudo isso soe a uma experiência desastrosa, não impediu a conversa de fluir bem e simpaticamente. Aliás, foi super bacana, bem interessante e eu gostei bastante. É pena não ser dessa vez o poder continuar o papo, mas acho que talvez numa próxima oportunidade.
Quem sabe?

Essas aventuras fazem bem ao espírito, e tudo depende de como se faz para chegar bem ao fim da viagem, mesmo em face aos pequenos revezes no percurso. É engraçado isso de a tristeza também ter seu lado alegre, dependendo do ângulo em que se olha para ela. É bom olhá-la bem dentro dos olhos e tentar enxergar o que ela está tentando esconder, e não tem muita receita nem fórmula para isso. É preciso encarar bem de perto para poder enxergar alguém nos olhos. E isso é coisa para quem tem coragem de fazê-la.

Por enquanto, vou ter muita coisa a pensar e filosofar - muitos olhares a fazer. É bom aprender com essas coisas. Não foi mesmo Sartre quem disse que o importante é o que fazemos com o que nos acontece, e não o contrário? :-)

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