quinta-feira, 20 de setembro de 2007

C'est la vie!

Rua do Breiner, "onde estou a fazer morada por cá"

Nessa mais de uma semana que não posto nada aqui, aconteceram MUITAS coisas que nem caberiam na página se eu fosse contá-las todas. Sim, depois da tal via-crucis consegui achar um quartinho super bacana, mas é pena que eu não contava com a astúcia da minha companheira de quarto de não vir pra cá assim que chegasse porque claro - essa é uma informação crucial - a faculdade de Psicologia fica a "alguns quilômetros" do centro da cidade (que mesmo assim é perto, dadas as proporções da cidade aqui). Mas enfim, isso está pra ser arranjado e eu estou com a cabeça muito mais fria do que normalmente ficaria se estivesse em outras épocas. Além do que, a dona da casa me acha uma "fofinha" e isso com certeza vai me ajudar a ir ficando na casa enquanto minha outra roomate não chega. E também, depois de problemas com banco, horários, milhões de vezes perdidas na cidade (em que as ruas não são paralelas, o que dificulta um pouco o senso de espaço pra quem já não tem muito), já era hora de respirar um pouco e sentar pra escrever.

Cabeça fria, aliás, é uma coisa que essa cidade está me sabendo fazer bom exercício. A paciência é uma das virtudes que se parecem mais necessárias (necessárias não, cruciais) pra minha sobrevivência aqui. Os horários da faculdade, por exemplo, são os mais loucos que eu já poderia ter imaginado na vida. Alguém aí já pensou em frequentar uma disciplina que acontecesse às segundas-feiras de manhã (leia-se 10h30 da manhã, que é quando a vida começa aqui) e depois às sextas-feiras às 15h30 ou 17h30? Sem contar as aulas que acontecem às 13h30 ou outras de 8h30 da manhã. Mas pra compensar, as matérias daqui são um verdadeiro sonho de consumo. Imagina você fazer Jornalismo e poder frequentar aulas nos cursos de História da Arte, Filosofia, Línguas e Culturas, Relações Internacionais e coisas do tipo. Imagine fazer disciplinas como esta, esta ou esta. Ou frequentar um dos cursos livres como este. Levando por esse lado, não vejo problema nenhum com os horários! Ah, e sem contar que o pessoal aqui parece meio freak (claro, recebem gente de tudo enquanto é canto do mundo) e fazem umas ofertas de cursos nas línguas mais esdrúxulas que você imaginar (as mais recente que vi foram Romeno e Neerlandês. Claro! Como é que eu nunca tinha pensado em aprender Romeno antes?! Como consegui viver até agora sem falar nada de Árabe?).

Mas no mais, a cidade é linda e sabe conjugar muito bem o antigo e o moderno. Ao mesmo tempo em que se tem um sistema de transporte como o Metro do Porto (excelente se comparado aos nossos metrôs!), há também costumes antigos como o do traje acadêmico (os chapeuzinhos são em ocasião da formatura, na univ. do Minho) que surgiu há séculos e até hoje alguns estudantes usam. É bonito, mas à primeira vista parece um tanto antiquado. E como eu já disse, sem dúvida esse é o lugar com mais gente de 60 e tantos anos que já vi na vida. Há velhinhos por todos os lados: nas praças, nas calçadas, nos autocarros, cafés. Mas também tem uma quantidade de estudantes que é impressionante na cidade. Brasileiros, então, nem se fala! Quando cheguei aqui tive a impressão de que no Porto havia mais cariocas do que o próprio Rio de Janeiro, porque todos os brasileiros que conhecia até então, por estranha coincidência, eram cariocas. Mas há uma mistura de gaúchos, mineiros, pernambucanos e catarinas que dá um resultado bem bacana no final. E assim, o bacana é que tem MUITO Erasmus (estudantes vindos de outras partes da Europa) por aqui. Só na casa em que estou, vivo com duas italianas e ontem recebi a notícia de que mais duas estão pra chegar. Tem uma turca com quem eu talvez vá dividir meu quartinho, e acho ótimo que não seja outra italiana. Não que sejam chatos, mas diversidade é sempre bom. É muito fácil atravessar a rua e ver poloneses, espanhóis, franceses, alemães, enfim, gente dos mais variados lugares passeando, farreando e estudando por aqui. Massa demais!
E assim, voltando aos acontecimentos, já deu tempo de ir ao Parque da Cidade, uma exposição super bacana do Harald K. (ô nomezinho complicado!) e do François Dufrène (bacaaaaaana!) na Fundação Serralves. A Ribeira é maravilhosa, com aquelas casinhas todas e o monte de cafés que agitam o lugar. Bom demais mesmo. Ah, e os portugueses estão me saindo melhores que a encomenda. Aquela idéia do "sr. Juaquiiiim" ou do "dom Manuellll" (com um L bem enrolado) que só entendem as palavras que a gente fala no sentido literal e não conseguem ver um palmo à frente do nariz não são de todo verdade. Verdade sim, que eles lêem as coisas BEM mais literalmente que nós, mas todos os portugueses que conheci até agora tem um senso de humor mais refinado, são muito bem articulados e bem agradáveis. Pude atestar isso na terça, dia cheio (e como!) mas que ainda assim me deu tempo de conversar com um português bem fixe, o Ricardo, e pude atestar bem isso da natureza simpática dos portugas. Na terça também (finalmente!! já não aguentava mais!) assisti pela primeira vez um filme inteiro num cinema em Gaia (pertinho do Porto). A película foi Os Fantasmas de Goya, e eu nem vou me estender muito porque é capaz de a página do blog nem carregar se a coisa fica muito maior do que já está. Mas o Javier Bardem e a Natalie Portman estavam ÓTIMOS!! Mais por ela que por ele, mas foi um alívio ver um filminho com companhias agradáveis como foram as minhas esse dia.

E pra fechar, ontem assisti uma peça de teatro de rua MUITO BACANA na parte baixa da cidade. Era um teatro de bonecos muito bem articulado e que foi uma viagem, literalmente. A encenação foi feita por um só ator, que fazia todas as vozes e efeitos sonoros (com apitos uma gaita e muito fôlego) do pequeno cenário (uma mesa com areia, cercada por luminárias grandes e com personagens feitos de penas, pano, pregadores de roupa, um carrinho e uma vaquinha de brinquedo, e claro, bonecos, naviozinhos e toda uma pequena parafernália criativa), que era passagem direta pra memórias da infância. Tudo bem que o cara era francês e eu, cá pra nós, de francês não parlê nien (ô falta de cultura, hein?!), e fiquei lá só vendo as encenações e fazendo um guessing game com o que ele talvez queria dizer, mas que era impossível não sacar nada porque a expressividade do ator lá tava uma arte. Mas os detalhezinhos, as piadinhas com os italianos (que só vim a saber depois da peça), não saquei nada. Mas muito bem, quem sabe eu "desista do Romeno" e vá aprender algum Francês?!

4 comentários:

Anônimo disse...

Metidíssima por aqui, mas eu super-adorei o teu blog. Me inscrevi no intercâmbio da UP e tô aguardando resposta, então é ótimo ler notícias blogueiras de como a cidade realmente é. A propósito, você faz psicologia ou jornalismo?

Blog muito legal mesmo. pretendo voltar aqui outras vezes. Abraço!

Mariana disse...

Megzinha do meu coração,
morro de inveja branca sempre.
Só coisa boa pra vc aí!!!
Bjokona

Unknown disse...

Meghieee
que bom que n�o boiou tanto quanto eu iria boiar!
hduahduashduash

Maggie Mae disse...

Cecília, obrigado! Faço Jornalismo, mas pego umas matérias em Letras aqui. Bão dimais da conta!
(...)
Mari! Valeu, meu bem... te desejo tudo de bom tb pq vc merece!!
(...)
Monique, meu amorzinho... poderia ter boiado menos, né?! hahahaha. Mas vc vai ver, ainda volto pra casa "à parrrrlê frrrrancê"! Me aguarde!