domingo, 9 de setembro de 2007

Sobre via crucis, picheleiros e castanholas

E finalmente, depois de uma via-crucis bem longa (e puta cansativa) pela cidade, consegui achar um quarto. É bem perto da faculdade e da parte mais central do Porto e é um lugar que vale a pena pela qualidade. Mas por esta semana estou ficando na casa da Ana, que a propósito é jornalista e tem um senso de humor que, julgo, é um pouco incomum para os portugueses (ainda com aquela idéia pré-concebida sobre o humor deles de antes de vir pra cá, mas com o tempo descobre-se isso). Cada conversa trivial acaba sendo fonte de mais verbetes novos e diferentes do nosso Português. Já deu pra sacar uma centena deles nessa semana que estou aqui. Daqui a pouco saio da cidade apetecida por comer um chouriço mas talvez precise pedir à minha irmã que vá ao talho por mim (mas isso não antes de dizer a ela pra se lembrar de colocar a carne no frigorífico da cozinha), porque estou no meio de uma conversa muito gira com o picheleiro que foi olhar umas instalações da cozinha e não posso deixá-lo lá a monologar, por mais chato que seja falar da vida de como os queques da zona sul não o pagam bem por seu trabalho.
(...)
Mas enfim, a cidade tem aquele quê de provinciana, apesar de grande, e é o lugar com mais gente de cabelos brancos por metro quadrado que já vi. As lojas de doces e quitutes são de dar (muita) água na boca e gostei muito mais da fruta do figo puro do que se ele estivesse em compota, como a gente come na terrinha. Já meio que começo a me acostumar com os jeitos e trejeitos desse lugar e não espero que me adapte totalmente, mas que pelo menos consiga escrever como o pessoal daqui porque isso com certeza me será BEM útil.
(...)
Hoje visitei uma feira medieval muito interessante (dos Hospitalários no Caminho de Santiago) que acontece anualmente aqui no Porto (Matosinhos, na verdade, que é Grande Porto) no Mosteiro de Leça do Bailio, que é um castelo lindo e faz com que a gente se sinta realmente na Europa. A atmosfera da noite fresca ajudou ainda mais a criar o clima da coisa e foi tudo muito bacana. Logo de cara, o que chamou mais atenção foi o som das gaitas de fole, já à porta do descampado que dá para o castelo. E lá dentro havia um sem-número de barracas, cujos vendedores estavam vestidos à caráter (eles e mais uma porção de atores e suporters do evento). Lá eles vendiam de tudo: desde pasteizinhos de Belém e queijo de cabra a leitura de cartas de tarô, passando pelas barracas de sapatos e gorros medievais, ervas de chá (com as respectivas utilidades indicadas), artesanato da época, gaiolas, enfim, uma porção de coisas (até narguile pra vender tinha). Além disso, os falcões, as encenações de teatro - e principalmente a música (com direito à castanhola, charamela, tamboril, corneto e tudo mais) - completavam o cenário super interessante, capaz de apaixonar qualquer turista que se preze.
Eu ADOREI o negócio lá. Foi bom demais da conta!

3 comentários:

Unknown disse...

meghita saudades!
:)

Tânia Magalhães disse...

Boas vindas à invicta. è caso para dizer carago! A mim o que me vale é que tenho personal-translater de brasileiro-português... e já lá vão quase 5 meses que inicei este curso de travesseiro/almofada

Dominique Lee disse...

Nossa, meu sonho. :~
Deve ter muita coisa pra conhecer por aí...

Por que não existe um dicionário Português - 'Brasileiro', né?

:*