sexta-feira, 18 de julho de 2008

Efeito Cocaína



Desafio qualquer sujeito que entenda a palestra (e a língua inglesa minimamente) a ignorar o assunto e deixá-lo passar em branco. Duvido que eu seja uma rara espécie de pessoas que se pergunta o que vai dentro da caixola quando se está apaixonado, quando não se está apaixonado e quando se está apaixonado por estar-se apaixonado... Acho que todo mundo se pergunta sobre as razões de coisas sem razão como essa. Eu, por exemplo, já me fiz inúmeras perguntas sobre "as sem-razões do amor" (o Drummond que me perdoe), algumas delas também feitas pela dra. Helen Fisher nessa apresentação. Parafraseando um pouco: "The less my hope, the hotter my love" (Terêncio)... "the brain system that works for craving, for motivation, for focus becomes more active when you can't get what you want"... Tudo bem que todo mundo sabe que "romantic love is a kind of addiction", e é até poético dizer isso liricamente, mas acho que não nos damos conta da reviravolta que isso faz com os pobres neurônios e com os lóbulos cerebrais etc etc. E mais ainda, pensar que o efeito de se estar apaixonado é parecido com o da cocaína... bom, no máximo, eu achava que fosse como um inocente rolo de marijuana comprada nos Países Baixos. Mas se é pra viciar, que porra, que vicie direito. Acho que nem uns bons charros de maconha pura fazem isso à primeira lufada. Mas acho que paixão faz, né?

(...)

Deixando isso de lado e voltando pra minha vida que continua a correr à tangente dos perigos de uma paixão arrebatadora por um único objeto de contemplação (um único muso?! hahahaha), permitam-me fazer a descrição dos brinquedinhos que me ajudam a passar o tempo (aliás, nem preciso de nada sob esse título!): um DVD (Caro Diario, do Nanni Moretti) esperando ser assistido, um livro pelo meio esperando ser terminado (e dessa vez é um certo Alain de Botton com "aplicações práticas de filosofia de todos os tempos" pra ajudar a melhorar o cotidiano da sujeita, mas nem mesmo eu diria que um dia colocaria algo do tipo "O Consolo da Filosofia" na bolsa e na cabeceira da cama. Até agora está sendo super bacana, mas conto tudo quando chegar no final), alguns muitos arquivos referentes à gestão do meu trabalho (so help me God!), uns jornais marcados em assuntos que preciso ler (ah, eu e a lei da espiral do silêncio...), umas músicas do Sufjan Stevens no meu player (ei, pá... cadê a Mariza, a Amália e a Ana Moura?!) e muitas lembranças da semana louca que se passou, entre asilo para amigos des-casados (em ambos os sentidos), MUITO calor e horas a menos de sono.

(...)

Esse fim de semana, por exemplo, começou na sexta a noite (oh, novidade!) e a menos de 7 horas do fechamento já o considero por encerrado, achando que merece até balanço das atividades: depois de sair da escola na sexta, fui correndo pra casa preparar uma salada pra dividir num jantar na casa de uma amiga venezuelana. Tive que esperar por uns amigos que iriam comigo (ou eu iria com eles, já que eles é que tinham as direções do endereço na cabeça melhor que eu as tinha no papel...) e bem, fomos. Não pude ficar até o fim por causa do adiantado da hora (tinha que me despedir de uma amiga espanhola na mesma noite) e saí correndo de lá da mesma forma que cheguei. Fui dar um abraço nessa amiga minha, cheguei no lugar e fui presenteada com a companhia de alguns amigos que conheci na faculdade e uma extra (uma francesa que fala português como se estivesse aqui há um semestre!).

Chegando lá, depois de um papo bacana, todos fomos muito bem mimados com um super, mega, hiper interessante e intimista toque de guitarras espanholas - melhor dizendo, violão português - de um cara que se parecia com o Paco de Andalucia e dedilhava as cordas do violão como se aquilo fosse a coisa mais fácil do mundo, ora como se estivesse a fazer sexo com a guitarra, ora como se estivesse a acariciar os cabelos da namorada, numa perfeição de combinação de acordes e ritmos que ninguém queria acreditar que apenas seis arranjos seriam tocados. Aquilo na frente dos olhos era uma anestesia quase orgásmica para os ouvidos. Ou pode ser que eu estava simplesmente a fim de escutar um violão bem tocado...

Bem, mas depois disso, ficamos no Contagiarte (meio vazio pra uma sexta) ainda, dançando e conversando, com a impagável presença de um David que eu não conhecia nos corredores da faculdade (esse menino merece um post inteiro, sou fã! Sempre achei que ele fosse quase que uma espécie de "buda português iluminado"... hehehe). Decidimos então por continuar a festa em algum lugar ("porque afinal de contas, a Soraya vai embora amanhã!" hahaha), e depois de pensar em ir dançar algures, fizemos das opções a melhor: algumas garrafas de vinho na mão e o mapa da Foz em mente, fomos à praia ver o sol nascer... aquela lua cheia estava tão cheia naquele céu tão limpo, as conversas e as músicas brasileiras tão boas, a areia tão fria e as pessoas tão quentes, umas do ladinho das outras que nem acampamento infantil, que bah... é uma das noites portuguesas que de certeza têm lugar na minha memória de longo termo! :-)

E depois disso, como já tinha combinado com a minha amiga Agnieszka "Pitoresca", iríamos a Braga (aliás, iríamos não, fomos de fato!), e às 8h30 lá estava eu (egressa à apenas meia hora à casa e com a cama olhando pra mim a implorar que eu não fosse embora) na Estação São Bento, pronta pra outra. Chegando a Braga, tivemos que suportar um calor praticamente infernal (combinação explosiva... acho que minha pressão arterial foi ao chão com todo aquele calor, e se juntando ainda à noite sem dormir, nem preciso dizer que eu estava imprestável!), mas faríamos tudo pra chegar no Santuário de Jesus do Monte... até aguentar aquele calor úmido insuportável (sei lá, deviam fazer uns 30ºC e poucos mas a sensação térmica era de 40ºC)! Chegando no lugar, subimos alguns lances de escadas que se misturavam com um verde fenomenal e uma "capelinha" a cada curva, e quando finalmente chegamos ao pé das escadarias, resolvi que ia ficar por ali mesmo (já tava bom demais... porque não sou católica e nem estava a pagar promessa nenhuma!), enquanto a minha amiga Pitoresca, demonstrando uma resistência fenomenal, continuou no seu caminho para o alto (!), enquanto eu tirava um cochilo no meio do verde (pra quem já aguentou o calor do Marrocos, aquilo devia ser piada). Voltamos, depois de dar umas voltas na cidade quente, depois de vermos algumas portas abertas, depois de almoçarmos numa tasquinha que nos saiu melhor que a encomenda (mais em conta só mesmo a cantina da FLUP!), depois de tomar todo o chá gelado que estava quente... finalmente entramos no comboio de volta, e mal entrarmos as portas do nosso Porto querido, minha amiga espanhola me liga a me convidar para um jantar e se ele poderia ser feito na minha casa. Sem argumentos pra discordar, disse que sim na hora e poucas horas depois já estávamos a comer uns huevos de la reina, torradas e de sobremesa, a primeira broa com erva doce de verdade (erva legal! hahaha!!) feita por moi. Com as mesmas amigas que dividiram horas felizes comigo na noite anterior, fomos ao Piolho, como era inevitável... depois, como já não conseguia mais, finalmente fui pro lugar de onde vim - minha cama - e depois de conversar com a família e ler alguma coisinha no jornal, estou aqui, ainda um pouco cansada, mas me sentindo muito bem, e ainda melhor porque totalmente sã (longe das misturas perigosas com fermentados e destilados), e ainda melhor porque não precisei cerveja, ervas legais nem ilegais pra ter um ótimo fim de semana.

Minha mãe ficaria tão orgulhosa de mim. :-)

3 comentários:

Monique Rodrigues disse...

Mamãe vai ficar sim orgulhosa, fora a parte que você não dormiu..hehehe

meu endereço novo, te adicionei de novo aos meus endereços de blog.

beijos

Ruleandson do Carmo disse...

Meu Deus então eu sou um quase viciado em drogas!

Monique Rodrigues disse...

valeu pela sugestão, vou pegar o livro hoje na biblioteca publica