segunda-feira, 15 de outubro de 2007

mais outra

E o Porto continua lindo, o frio chegando e a vida, correndo. Desde que me mudei pra casa nova, já deu pra fazer muita coisa, aumentar a lista de contatos e ver que a vida na facul não vai ser tão fácil quanto parece. Continuo com as mesmas disciplinas, e pra além delas estou em Tradução, Cosmologia (afinal de contas, faz parte, né?) e comecei o Francês (for free!). E tô achando ótimo isso. As aulas aqui são BEM bacanas, e tive muito cuidado em escolher as disciplinas (de novo e mais uma vez, depois de ter reformulado a grade TODA). Mas fora isso, é bom andar pelo prédio, respirar o ar friozinho do pátio à noite e olhar a arquitetura da faculdade (que funciona nesse prédio desde 1996). Cada dia descobre-se um aspecto novo, um ângulo novo da coisa, mesmo sendo o mesmo.

A preguiça ultimamente tá aumentando numa proporção inversa à velocidade com que as coisas acontecem por aqui. Ou será que eu que desacelerei de vez? sei lá. Mas enfim, a novidade é que o ninhozinho pode virar de repente uma coisa bem bacana, tipo um "circuito cultural alternativo-caseiro-amador". Já nessa sexta vai ter uma exposição de fotografias de um amigo do Tiago, e a idéia é que haja depois umas noites de fado, música brasileira, enfim, o negócio é ir variando. Não é demais? Cool people, cool stuff... e mais um trago no narguile preparado à base de maçã, menta, água e Jack Daniels. Alguém aceita?
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Mas olha, se não falei disso ainda, deixa eu registrar: as pessoas aqui, apesar de levar a língua Portuguesa pro lado mais literal da coisa, usam-na de uma forma tão mais poética. Imagina dizer que você vai descansar na relva ao invés de deitar na grama. Ou dizer que vai fechar a torneira pra não verter mais água dela. Ou conjugar impecavelmente todos os verbos com os "tus" e os "vós" no devido lugar. É tanto cuidado que chega até a ser justificável a implicância que os lusos têm com a gente, dizendo que fizemos uma espécie de "anomalia" com a língua que eles (orgulhosamente) inventaram. Dá pra tirar um monte de verbete da gaveta, desempoeirar, lustrar e colocar na roda.
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E hoje, na ânsia de achar uns livros que precisava (e de quebra, uns DVDs também, já que videoteca por aqui não tem em cada esquina como no Brasil... eu diria até que é quase um artigo de luxo), fiz uma visita básica à biblioteca do Palácio de Cristal (Biblioteca Municipal Almeida Garret), pra saber o que precisava fazer pra me registrar lá. Bom, antes de chegar, atravessei uma extensão de jardins maravilhosamente arquitetados, e quase fiquei por lá mesmo admirando a paisagem... mesmo que já tivesse ido ao Palácio de Cristal, os jardins são sempre um espetáculo. Mas enfim, entrei no prédio. Parei pra pedir as informações que precisava aproveitei pra conhecer o lugar. Logo na entrada dos audiovisuais, um painel com fotos e a biografia do John Coltrane (!) me chamou a atenção. Abaixo, muitos CDs dele e nos dedos uma coceira louca de colocar tudo e escutar. Mas tinha que deixar isso pra outra vez... Mas enfim, ao lado tinha um outro painel: "Leia o livro e veja o filme". Todos sobre cinema português, com títulos pouco familiares pra mim (ao menos por enquanto). Andando um pouco mais, muita coisa de mitologia, música, cinema. Pra além dos livros, tem um acervo enorme de CDs, que vão de Miles Davis a Clash e Chemical Brothers, sem contar a seção especial dedicada às "músicas do mundo": sons vindos do Marrocos, muitas partes da África, China, e por aí vai. Há também uma parte dedicada à música brasileira (é claro), com os clássicos Tom, Chico, Maria Bethânia e Marisa Monte, mas também com Chico César na parada. Na seção de fado, um imenso de discos, tanto interpretados por vozes másculas quanto pour femmes. Vai me ajudar a conhecer mais de fado do que as músicas da Amália... Logo do lado, uma estante com divisões nem tão rigorosamente taxionomizadas, a tão procurada seção de DVDs. Claro que com nem tantos títulos assim (é bom lembrar de que se trata de uma bliblioteca), mas com poucos e bons, eu diria. Enfim, por último subi, as escadas de volta, e no pavilhão central da biblioteca, o prato principal. Na seção de literatura Portuguesa, um mar de títulos e mais títulos, é claro. São Saramago que me ajude...

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