segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Meghie Acorda in Lisboa


Depois de uma ida um tanto conturbada (juro que não ouvi a merda do despertador), de chegar à "cidade grande" com a sorte de ter encontrado uma pessoa que ia no mesmo caminho que eu - CCB! - reparei logo que em Lisboa não se fala tanto português assim afinal. No autocarro, escutava Inglês à minha frente, espanhol atrás, polaco do lado e um português - é sério! - timidamente muito mais pro fundo dos bancos, quase imperceptível. Mas enfim.

A primeira parte do plano já tá cumprida: vim a Lisboa, participei da tão esperada Noite de que falei, fiquei lá ajudando e conversando com o pessoal, falei MUITO (imaginem que de repente me vi sentadinha nos minifutons que eu achei que ia ficar só observando, e acabei mais ou menos entrevistando e sendo entrevistada por muitas pessoas - umas interessadas em Sociais, outras meio desapontadas por acharem que, "ah, mas então você não trabalha com ratinhos de laboratório nem coisa do tipo?!")... mas no fim, saí viva e feliz de lá, com uns nuggets a mais no estômago, cheirando a água de framboesa e com vontade de conhecer os ratinhos de uma das meninas de Genética que tavam a falar com o pessoal. :-) Além disso, tive a sorte de encontrar um couch a tempo pra surfar (tem certas coisas que nem Newton explica!), na casa do Rafa, um sujeito que é uma mescla de simpatia, bom humor, inteligência e muito bom gosto pras artes e pras coisas boas da vida (um "espanto de rapaz"... pena não ter proseado mais!), e isso ainda na companhia de mais 3 andarilhas como eu (quer dizer, eu bem menos, mas viajando mesmo assim), e toda a gente muito bacana. Desnecessário dizer que eu REALMENTE precisava me afastar um pouco do meu objeto de paixão desses últimos 380 e poucos dias. Como em toda relação saudável, tem hora que a gente tem que dar um break e um tempo pra cabeça e pro coração. Pra mim já tava muito mais que na hora de fazer isso... e tentar descobrir um pouquinho mais do epicurismo perdido e me afastar do meu espelho de narciso distorcido e quebrado por excesso de visionamento. Acho que funcionou um pouco... A cada dia que passa tenho mais certeza de que preciso acabar com esse vício de procrastinar as coisas e de adiar a minha vida. Já dizia a canção.

Ver Lisboa fora dos comentários, mesmo que vergonhosamente tarde, veio a calhar e me ajudou a entender melhor o Porto e algo dos portugueses. Foi tudo literalmente "out of the box"... depois que saí do CCB, fui me encontrar com o meu host, que estava, junto com a galera do MAL, fazendo algum barulho pros olhos - e pros ouvidos também - com um screening de curtas projetados num lençol e ao ar livre, que dava com uma vista linda ao longe, como só a arquitetura de Portugal poderia oferecer. Foi MUITO bacana. Bom saber que tem gente que se importa com o que lhes entra pelos olhos e faz alguma coisa! :-)

Rolou pub crawling também, claro, e se não fosse tão baixinha, delicadamente surrupiava uma luminária em forma de couve que vi em um dos bares (e nesse ainda faziam uma exibição de filmes - sabe aqueles seventies de família no parque? pois é! - conjugados com uma música bacana pra agitar o pessoal. Achei a descontinuidade um barato). E depois aproveitei para andarilhar e palmilhar as ruas da cidade (ao menos mais do Bairro Alto), com os meus pequeninos e famigerados pés, na companhia de duas gringas que brevemente se transformaram em três, com a chegada de outra CSer da Argentina. Andamos muito, conversamos algo, tomamos mate e me deu vontade de ir na mala dela pra Ushuaia ou Bariloche ao invés de voltar pro Porto... quem sabe quando eu estiver mais perto de casa? :-)

Fui à rua do Norte, fiquei babando nos vinis velhos e na quinquilharia vintage que eles vendiam em todas as lojas, tive algum tempo para andar pela rua Augusta, levar um dedo de prosa com o Fernando Pessoa na frente d'A Brasileira, visitar livrarias, fazer umas compras (ou pelo menos esperar as minhas companhias a fazê-las... embora não pudesse resistir a isso completamente enquanto estava a serpentear pelas ruas estreitas do Bairro Alto), ir à Praça do Comércio observar o movimento e o Tejo ao fundo... depois, de volta ao aquário, um pouco de música num lugar que me lembrava A Obra e umas batidas em electro-qualquercoisa num outro pub, inundado de alemães (aliás, como todo o centro lisboeta). E ainda na sexta - um dos detalhes que colorem e apimentam essas visitas - fomos a um restaurante ("nossa, é ilegal, que legal!") caboverdiano (se me lembro bem) tomar uma sopa de galinha, ou, no caso de muita fome, comer uma kizumba. No sábado fomos à Casa do Alentejo, um lugar esplendoroso de decoração árabe, que mais se parecia com um spa do que um restaurante. Lindo, lindo, lindo. :-)

No domingo, rolou massagem na praça do Comércio (costas, mãos e aromaterapia! huummmm!), Feira Ladra (e eu que achava que a dos Aflitos era invenção brasileira...) e uma exposição baseada na obra do Saramago. E depois disso, ufa, tinha que descansar porque era domingo afinal... :-) Depois de conhecer um pouco do Bairro Alto e da Baixa, falta presenciar uma noite de fado em Alfama.

Mas no fim, achei linda a mistura de cores, sabores, cheiros e estilos world-lisboetas. Você sai à noite e se sente completamente à vontade com as suas madeixas afro-beat. Se estiver vestido com roupa com um quê de estranha, melhor ainda. :-) Me parece que em Lisboa as pessoas têm consciência de si e do seu lugar no mundo. Adorei a forma de conjugar as coisas, combinar e experimentar. Foi só um pouquinho, mas acho que é mais ou menos como descrevi à minha irmã: "Gente de tudo enquanto é jeito e estilo. Bolsas feitas de pneu de carro e de blusa de manga comprida. Bricolagem em bolsa velha, reciclado, monumentos, elétrico subindo e descendo rua, rua Augusta, Bairro Alto, sessão de curtas num lençol estendido no meio de uma pracinha...". E acho que é isso. \o/
P.S.: Na foto, Cecília, a tomadora de mate, o "eléctrico" descansando da ladeira e ao lado, essa que vos fala. :-)

2 comentários:

Ana disse...

BAAAA
Olha que o Porto fica com ciúmes se o trocares por Lisboa!

Maggie Mae disse...

Mas que nada! eu não troco... pelo menos por enquanto! :-)