quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
Início de inverno
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Classe medíocre
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Today's fortune
Prova de que o Orkut pode até ser útil ao colocar esses óbvios ululantes. Bom, né?
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Um, dois, três fins de semana
Mas enfim, a viagem a Madri era algo que ficava pairando sobre a minha cabeça, pendendo de um lado pro outro, sempre presente no ar e eu sabia que precisava falar disso (claro). A viagem em si foi há dois fins de semana, e não vai ter tempo que apague as memórias boas dessa escapadinha. Foram três dias muito bacanas, em que rolou quase de tudo: visita ao Museu do Prado, quase-jogo no estádio do Real Madrid, protesto de motoqueiros (em frente ao mesmo estádio), festa ao ar livre, desencontros com meu host (devia pular essa parte), quarto de hotel partilhado com mais 4 amigos, noite mal-dormida no aeroporto de Madri e um barzinho de tapas, hmmm... desses de tirar o chapéu (acho que o dono do bar devia conhecer o Fernando Alonso, tinha uma foto de todos os famosos espanhóis que passaram por lá e do Alonso tinha um pôster...).
(...)
Já no fim de semana passado, aconteceu a terceira edição do "Art no Flat", aquelas festinhas com exposição de arte que das últimas vezes tinham sido na sexta-feira (acho que é mesmo o melhor dia pra se fazer isso...). Dessa vez foi no sábado e não foi como as anteriores porque tinha menos gente (uma revoada de estudantes estava em Liboa em uma viagem promovida pela ESN da Univ. do Porto), e muitos dos que estavam lá eram amigos dos amigos, então, não conhecia metade deles. Mas enfim, foi bacana porque a Sofia, uma outra amiga do Tiago, expôs uns quadros (que ela utilizou a xilogravura pra fazer), e eram assim, bem pessoais porque meio que contava a história da família dela (com umas fotos de pessoas importantes na biografia da moça, sobrepostas com as datas de nascimento dessas pessoas). Muito bacanas os quadros...
(...)
E o fim de semana mais fresco na memória, este que acabou de terminar, foi super, mas super bacana. Três amigas (as polacas Ana e Olga e uma compatriota, a Marjorie) e eu fomos com o Tiago visitar uns parentes dele em Chaves, uma cidadezinha bem mais ao Norte (quase na fronteira com a Espanha), e foi muito, mas muito bacana ver como se parece o countryside Português (e de quebra um pouco do Espanhol também, porque de Chaves fomos visitar o vilarejo de Sanabria, já além da fronteira). Em Chaves ficamos na casa da tia do nosso bon ami, a dona Dina, que de portuguesa só tem a cara e o sotaque... ela nos recebeu tão bem que parecia ser mineira, sem bairrismo exagerado. Chegamos lá já era noite, e fomos dar uma volta pelo lugarejo. O frio tava de lascar, mas o passeio valeu a pena. Passamos perto da ponte de Trajano (que atravessa o rio Tâmega), que é uma construção romana com quase 2.000 anos de idade, feita por volta do fim do século I e início do século II. E o mais legal é que, como me contou a dona Dina, o "gentílico" dos moradores de Chaves não têm nada a ver com chaves, chavenses, "chaveiros" ou coisas do tipo. Eles são flavienses, porque quando foi fundada pelos romanos, Chaves se chamava Aquae Flaviae. (!)
E no domingo, acordamos cedo e depois do café visitamos uma pequena joalheria, negócio da família Laço, iniciada pelo avô do Tiago, e que agora estava sob os cuidados da dona Dina e de mais dois tios. O triste é que parece que depois deles ninguém mais quer tomar conta da loja, então a tradição de família corre o risco de morrer com eles... Mas depois da visita fomos à Sanabria, na província de Zamora, na região de Castilla e León. Já a estrada se mesclava com uma paisagem espetacular: estradas sinuosas em harmonia com árvores de todos os tamanhos, nuas e semi-nuas com folhas em tons de ocre, dourado e laranja. As montanhas lembravam Minas, mas a vegetação e as formações rochosas que as cobriam não deixavam esquecer nem por um minuto que aquilo era a Europa... e o nosso destino era um lugar simplesmente maravilhoso - um vilarejo quase que onírico, com casinhas que lembravam contos de fadas. Sem falar no castelo feito pelo conde de Benavente (do século XV) e de outras construções preservadas desde a época medieval (como o lugar que abriga a Câmara Municipal e a igreja de Santa Maria del Azogue, que é do século XII). E o lago de Sanabria, o lago... é um cenário paradisíaco: à frente, montanhas, atrás, uma floresta que ficava ainda mais interessante com aquelas folhas douradas caídas, iluminadas pela luz do entardecer e envolvidas por um vento que carregava as folhas e fazia ondulações na água (transparente) do lago. À beira do lago, um banco de areia que forma uma praiazinha, e a maravilhosa sensação de se ver as pedras coloridas no fundo das águas limpas e frias do Sanabria. Fizemos um piquenique por ali (que incluía pastéis de Chaves, cuja receita eu tenho que mandar pra minha avó) e depois fomos às montanhas, a uma hora dali. De novo aquele cenário lindo, com os picos das montanhas cobertos de neve à frente, até que finalmente chegamos mais perto do topo da montanha. Era lindo ver como mesmo debaixo de neve ainda tinha vegetação verde, e bem verde. A sensação de se estar dentro do congelador foi boa (diferente, claro), mas quando já não dava mais pra sentir as pontas dos dedos por debaixo das luvas, já tinha passado da hora de descer...
E depois, de volta à casa da dona Dina, jantamos uma feijoada trasmontana de dar água na boca, "conversamos" um pouco e fomos à casa de um outro tio do Tiago, o seu Zeca, que recebeu a gente de braços abertos e lareira acesa.
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
Bravo!
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
Aqui também é terra de Jeová
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
mais outra
A preguiça ultimamente tá aumentando numa proporção inversa à velocidade com que as coisas acontecem por aqui. Ou será que eu que desacelerei de vez? sei lá. Mas enfim, a novidade é que o ninhozinho pode virar de repente uma coisa bem bacana, tipo um "circuito cultural alternativo-caseiro-amador". Já nessa sexta vai ter uma exposição de fotografias de um amigo do Tiago, e a idéia é que haja depois umas noites de fado, música brasileira, enfim, o negócio é ir variando. Não é demais? Cool people, cool stuff... e mais um trago no narguile preparado à base de maçã, menta, água e Jack Daniels. Alguém aceita?
terça-feira, 2 de outubro de 2007
Só pra constar
Um adendo-atualização a este post aí de baixo (escrito a dois dias). Essa história de procurar um quarto de novo é meio longa, mas enfim, achei. Fica a uns 15 minutos a pé da casa onde estava e é muito, mas muito bacana. Lá moram duas turcas (que estão em Ramadã por agora...) e o dono da casa, que ao contrário do que costuma acontecer, não é um velhinho rabugento de hábitos intragáveis (tá, exagero). Ele tá estudando também (leia-se: fazendo doutorado em Astrofísica!), e é muito bacana de conversar, é desses caras inteligentes e viajados e sempre tem muita coisa pra dizer. Já com as turcas ainda não deu muito pra estabelecer um contato razoável, além de umas palavras sobre a casa e a faculdade. Mas vamos ver, não é? Mas enfim, e além de o Tiago (é, simples assim) ser um cara bacana, acho que nunca vou ter que chegar em casa e escutar coisas tipo Tony Carreira tocando em alto e bom som (em casa mesmo nunca peguei o pessoal escutando isso, mas é isso o que ouvem. E a mulherada adooooora! No show desse cara só se vê cabeças, vozes e braços de mulheres - usando corte Chitãozinho & Xororó style, sem brincadeira). Mas enfim, me animou bastante a idéia de que vou ter (além da minha pequena coleção) CDs do Kasabian, Blur, Oasis, R.E.M, Radiohead, Queen e coisas do tipo pra ouvir, além de DVDs do Kubrick e do Hitchcock pra assistir. Perfeito, n'est-ce pas?
Na foto: as turcas Ebru (sentada) e Yasemin, ao lado do Tiago, o quase-cientista-maluco... :-)
A anti-monotonia
Aconteceram muitas coisas desde a minha última complaint aqui sobre ciganear e não ciganear cidade afora. Definitivamente, monótona é a última palavra que definiria os meus poucos dias passados aqui. Bom, já fui à Guimarães, "onde Portugal começou". Também já conheço alguns lugares bacaninhas aqui e bem, muito mais gente do que imaginei que fosse conhecer em tão pouco tempo. Além de portugueses, já conheci gente da Escócia, da Polônia, República Tcheca, Espanha, Itália, França, e acreditem, até uns lituanos esta sexta. Haja Inglês pra gastar no meio de uma salada tão grande de culturas como está aqui. Bom, por mais incrível que pareça, vou mesmo e mudar mesmo do lugar onde estou. Achar um lugar ainda mais perto da Letras (e com a perspectiva de se gastar alguns Euros a menos) não está sendo tarefa das mais fáceis. Mas procurando, possivelmente se acha alguma coisa. E logo agora, quando minha companheira de quarto, a Manu, chegou à pouco. Mas enfim, né. Falando na Manu (é assim que chamamos a Emanuelle), a doidinha merece um espaço aqui pra uns comentários. Somos bem diferentes (a começar pela diferença entre Minas e Ceará). Ela é bem aquele estereótipo de brasileira que os gringos têm da gente: muito falante, sempre pra cima e de humor e jeito muito mais caliente que o meu de mineirinha come-quieto. Ela é bacana, mas às vezes ainda sinto um pouco de estranhamento com relação ao jeito de ser de pessoas que normalmente falam mais de cento e tantas palavras por minuto. Enfim, né. Mas ela é gente boa e já tá cumprindo o papel: duas das italianas que moram na casa já sabem até cantar a Garota de Ipanema. E o bacana é que uma delas se empolgou tanto, que ficava cantando a música o dia todo - e a noite toda também (exagero). Além disso, elas já conhecem alguma coisa de João Gilberto e Jorge Ben (entro nessa parte) e até sair pra sambar a gente já foi. Fim de semana passado, por exemplo, enquanto a galera tava se acabando de dança música latina e samba, acho que eu era a única brasileira non-samba dancer (right, Steven?!) presente no lounge. Mas o papo que bati com um “amigo do amigo da amiga” valeu muito a pena e compensou a minha falta de dotes sinestésicos pra dança (e não, muito ao contrário do que vocês estão pensando, não rolou pegação. Isso é algo que não é mesmo muito meu forte, embora seja bom de vez em quando...).
Mas ainda falando no fim de semana pass-passado (retrasado é muito velho), depois de Guimarães, uns amigos e eu fomos pra Foz. O lugar é muito bacana, e a gente ficou caminhando pertinho da praia à tarde. Tava fazendo um friozinho de leve então tava assim tão bom... e depois que cheguei em casa, ainda fui jantar com uma amiga (a Ana, que me hospedou quando cheguei) além dela, do Nuno, do Gustavo e da Tânia, tinha uns amigos deles (o Timo, que é um finlandês que já já conhecia antes, e uns amigos dele tchecos, se me lembro bem). Foi bem bacana, e teve uma hora que uns acadêmicos nas roupas de Harry Potter (acho que fazia parte da praxe isso... essa época de praxe [leia-se trote]. Rola cada coisa! a galera maltrata mesmo os calouros! hahaha) tocaram uma serenata bem afinadinha pra galera sentada no restaurante. Bacana mesmo. E depois disso ainda deu tempo de dar uma voltinha com as meninas da casa onde eu tava ficando (!). :-O Rolou sambinha e tudo!
(...)
Mas como a vida não é feita só de fins de semana bacaninhas, café com os amigos e conversas com poloneses e lituanos, essa semana finalmente me decidi pelas disciplinas que vou cursar aqui na faculdade e jàa comecei a frequentar as aulas de forma mais consistente, fora de caráter experimental. Como jàa mencionei anteriormente, é tanta coisa que dá vontade de fazer tudo. Ah, se meu tempo desse... como em todo lugar, aqui há professores excelentes (e outros nem tanto) e o ambiente da faculdade de Letras é ótimo. Além de pessoas de vários países se cruzando pelos corredores, ainda tem a biblioteca (cara, e que biblioteca), que é a alma do prédio. Além dos mais de quatro andares que a compõem, tem uma espécie de reading lounge no último piso do subsolo, com sofazinhos, lâmpadas e mesinhas. Parece mais um café que um espaço de leitura. E assim, tem uma parte da hemeroteca só com jornais antigos do Porto. Ainda vou separar um tempo especial pra ficar só lá olhando a velharia mais bacana de tudo o que tem lá. Vi umas edições de jornais com mais de cem anos, coisa de 1903 pra lá. As notícias, os classificados, as anedotas e novelas de folhetim com aquele Português tão velho quanto as barbas de D. Pedro II ajudam a entender um pouco mais sobre a história dos nossos periódicos. Já os de hoje, são todos em formato de tablóide, e além de tradicionais como O Público (que só não fechou ainda porque seria um escândalo para os portugueses. Basta imaginar se a Folha ou o Globo um dia acabassem), têm uns gratuitos como o Metro e o Distak, que, muito ao contrário dos nossos “espreme-que-sai-sangue-e-mulher-pelada”, têm notícias relevantes, embora com a superficialidade de um jornal com pouco espaço. Mas é melhor do que ter “gostosonas na page three” à The Sun e metade do jornal ocupado com milhões de fofocas dos famosos. E tudo o que eles sabiam falar aqui era sobre o caso Maddie (a menina inglesa Madeleine que desapareceu mo Algarve enquanto passava as férias com os pais). Coisas do tipo “O que a Polícia sabe sobre a mãe de Maddie”, “Caso Maddie sem solução”, “Mais uma pista para o caso Maddie” até muito pouco tempo lotavam os jornais aqui (quem sabe um cineasta português não faça um filme sobre o caso?!). Outro nas últimas rodas de papo era o treinador Português José Mourinho, “The Special One” que acabou de sair do Chelsea por mais de 25 milhões de Euros. Ele é o Beckham de Portugal em forma de técnico...
(...)
Ah, e um comentário sobre um dos últimos vídeos que assisti no Youtube. Não, não posso acreditar que depois daquele bando de pela-saco da direita da OAB paulista ficaram “Cansados” (porque o avião do presidente é mais seguro que o deles e o poder de compra diminui porque não dá pra comprar a Mercedes do ano, talvez), os nossos “faróis da modernidade” ainda vêm com mais essa. Inacreditável. Lula e Collor? Mas claro, eles devem ter um pacto com o diabo, só pode, pra se parecerem tanto... tanta semelhança nos atos de governo seria humanamente impossível, seria algo plausível somente nos tempos da ditadura militar. Meu Deus! Nesse universo de madame que nem sabe quanto é um salário mínimo e veneram Diogo Mainardi e colocam Arnaldo Jabor num pedestal, não tinha muito o que se esperar além disso, certo?
* a história não foi exatamente bem assim... injustiça deixar isso passar em branco!
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
C'est la vie!
domingo, 9 de setembro de 2007
Sobre via crucis, picheleiros e castanholas
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
First Impressions on Earth
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
Música teatral
Segundo, o processo correu melhor do que o previsto e terceiro, porque as bandas que tocaram na Noite deram um show no sentido literal, figurado e todos os outros. Os convidados foram os cariocas do Manacá e os nossos debochados conterrâneos do Falcatrua. A galera (tanto das bandas quanto da organização) tava inspirada mesmo, e parece que a onda teatral circense respirada em BH nos últimos tempos - trazida pelo IMPETO (Invasão Mundial de Palhaços E Todos os Outros) e a passagem da Cia. Clowns de Shakespeare - também teve sua palhinha no palco da Cervejaria Official.
O Manacá, surpresa total pra mim, abriu a noite com seu som que contrastava o peso na guitarra, bateria e baixo com os toques de música nordestina e folclórica, presente em todas as composições. Aliás, esse é o grande diferencial da banda, que mistura doses de Cordel do Fogo Encantado a Queens of Stone Age e Led Zeppelin, e nada de gringuice chula como a de bandas neo-emo que disparam nas rádios em todos os cantos do Brasil.
Fui apresentada oficialmente ao Manacá neste show, mas qual não foi maior a minha surpresa ao ver a vocalista, Letícia Persiles, com um visual que levava a crer que ela tinha recém-saído de uma ‘aula de balé para meninas más’, com uma fuseau e saia de tule vermelhas, tatuagem no braço e uma blusa preta, além de maquiagem pesada nos olhos. Tanto o baixista, o baterista como o guitarrista tinham um look bem mais ‘careta’, como todos nós da platéia. A inspiração teatral da banda já se fez notar logo na nota de abertura, com músicas que lembravam uma harmonia de leve toque circense no fundo, e principalmente, as caras e bocas e rodopios de Missy Persiles. Ela era meio que um misto entre clown, dançarina de cabaré, atriz - e sim, bem lembrado - cantora. Os movimentos de gueixa da moça, contrastados com o frenesi do guitarrista foram elementos que, junto ao talento da banda, contribuíram para uma performance apaixonante – que se confirmou com o cover que fizeram do Canto de Ossanha. E ponto final, saem do palco. E quando achei que o Manacá ia fechar o show com a música angelical de Baden e Vinícius, o quarteto volta aos seus postos e fazem um ‘mergulho no inferno’ com a música Diabo.
Surpresa muito boa a desses cariocas.
Com letras cáusticas e performance igualmente teatral, a apresentação do Falcatrua confirmou a verve circense da Noite, fechando a festa de uma forma memorável. Já conhecia alguma coisa da banda, mas ainda não tinha visto uma apresentação deles ao vivo. E o negócio é bão dimais da conta! Além das tradicionais vestes compartilhadas por todos os membros - macacões quase primos desses de operários em obras da Cemig e da Copasa - a trupe do caricato André Miglio fez a galera mexer as cadeiras com seu ritmo dançante (e pensante). O jeito que as letras são cantadas/recitadas, junto às expressões, olhos esbugalhados e alterações cômicas no tom de voz fez com que a sensação fosse quase como a de ver um teatro musicado, bem bacana. Sabe aqueles chefs de cozinha que fazem combinações meio esdrúxulas do tipo ‘formiga, tomate seco e calda de chocolate’ numa mesma receita, mas que no fim a gororoba é um dos melhores pratos que você já experimentou? Pois o ensopado dos caras provou que eles sabem usar muito bem os ingredientes da vasta cozinha musical. Desde Pau de Arara Espacial e críticas ao panorama social, ganância e desrespeito ao espaço alheio em terras tupiniquins a covers de Beatles, Belchior e Gonzaguinha, só tenho a dizer que o conjunto da obra foi um espetáculo. A salada dos caras mostrou que eles mais que mereceram ir ao Jambolada este ano.
Ah, como vou sentir falta disso quando estiver nas terras de Cabral!
terça-feira, 24 de julho de 2007
Cool
Hoje, jogando conversa fora com minha irmã, foi inevitável não lembrar desse filme quando o assunto 'cinema' veio pra roda. Se o trailer aí já é cool, imagina o filme. Quando a pessoa consegue fazer uma coisa legal mesmo nem precisa ter uma história mirabolante, e esse aí do De Palma é um exemplo e tanto disso. Vê lá e comprova se eu não falo a verdade.
sexta-feira, 13 de julho de 2007
Um adendo
Pausa para Poe
The Raven
Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary,Over many a quaint and curious volume of forgotten lore,While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,As of someone gently rapping, rapping at my chamber door." 'Tis some visitor," I muttered, "tapping at my chamber door;
Only this, and nothing more."
Ah, distinctly I remember, it was in the bleak December,And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor.Eagerly I wished the morrow; vainly I had sought to borrowFrom my books surcease of sorrow, sorrow for the lost Lenore,.For the rare and radiant maiden whom the angels name Lenore,
Nameless here forevermore.
And the silken sad uncertain rustling of each purple curtainThrilled me---filled me with fantastic terrors never felt before;So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating," 'Tis some visitor entreating entrance at my chamber door,Some late visitor entreating entrance at my chamber door.
This it is, and nothing more."
Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer,"Sir," said I, "or madam, truly your forgiveness I implore;But the fact is, I was napping, and so gently you came rapping,And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door,That I scarce was sure I heard you." Here I opened wide the door;---
Darkness there, and nothing more.
Deep into the darkness peering, long I stood there, wondering, fearingDoubting, dreaming dreams no mortals ever dared to dream before;But the silence was unbroken, and the stillness gave no token,And the only word there spoken was the whispered word,Lenore?, This I whispered, and an echo murmured back the word,
"Lenore!" Merely this, and nothing more.
Back into the chamber turning, all my soul within me burning,Soon again I heard a tapping, something louder than before,"Surely," said I, "surely, that is something at my window lattice.Let me see, then, what thereat is, and this mystery explore.Let my heart be still a moment, and this mystery explore.
" 'Tis the wind, and nothing more."
Open here I flung the shutter, when, with many a flirt and flutter,In there stepped a stately raven, of the saintly days of yore.Not the least obeisance made he; not a minute stopped or stayed he;But with mien of lord or lady, perched above my chamber door.Perched upon a bust of Pallas, just above my chamber door,
Perched, and sat, and nothing more.
Then this ebony bird beguiling my sad fancy into smiling,By the grave and stern decorum of the countenance it wore,"Though thy crest be shorn and shaven thou," I said, "art sure no craven,Ghastly, grim, and ancient raven, wandering from the nightly shore.Tell me what the lordly name is on the Night's Plutonian shore."
Quoth the raven, "Nevermore."
Much I marvelled this ungainly fowl to hear discourse so plainly,Though its answer little meaning, little relevancy bore;For we cannot help agreeing that no living human beingEver yet was blessed with seeing bird above his chamber door,Bird or beast upon the sculptured bust above his chamber door,
With such name as "Nevermore."
But the raven, sitting lonely on that placid bust, spoke onlyThat one word, as if his soul in that one word he did outpour.Nothing further then he uttered; not a feather then he fluttered;Till I scarcely more than muttered,"Other friends have flown before;On the morrow he will leave me, as my hopes have flown before."
Then the bird said,"Nevermore."
Startled at the stillness broken by reply so aptly spoken,"Doubtless," said I, "what it utters is its only stock and store,Caught from some unhappy master, whom unmerciful disasterFollowed fast and followed faster, till his songs one burden bore,---Till the dirges of his hope that melancholy burden bore
Of "Never---nevermore."
But the raven still beguiling all my fancy into smiling,Straight I wheeled a cushioned seat in front of bird and bust and door;,Then, upon the velvet sinking, I betook myself to linkingFancy unto fancy, thinking what this ominous bird of yore,What this grim, ungainly, ghastly, gaunt, and ominous bird of yore
Meant in croaking, "Nevermore."
Thus I sat engaged in guessing, but no syllable expressingTo the fowl, whose fiery eyes now burned into my bosom's core;This and more I sat divining, with my head at ease recliningOn the cushion's velvet lining that the lamplight gloated o'er,But whose velvet violet lining with the lamplight gloating o'er
She shall press, ah, nevermore!
Then, methought, the air grew denser, perfumed from an unseen censerSwung by seraphim whose footfalls tinkled on the tufted floor."Wretch," I cried, "thy God hath lent thee -- by these angels he hathSent thee respite---respite and nepenthe from thy memories of Lenore!Quaff, O quaff this kind nepenthe, and forget this lost Lenore!"
Quoth the raven, "Nevermore!"
"Prophet!" said I, "thing of evil!--prophet still, if bird or devil!Whether tempter sent, or whether tempest tossed thee here ashore,Desolate, yet all undaunted, on this desert land enchanted--On this home by horror haunted--tell me truly, I implore:Is there--is there balm in Gilead?--tell me--tell me I implore!"
Quoth the raven, "Nevermore."
"Prophet!" said I, "thing of evil--prophet still, if bird or devil!By that heaven that bends above us--by that God we both adore--Tell this soul with sorrow laden, if, within the distant Aidenn,It shall clasp a sainted maiden, whom the angels name Lenore---Clasp a rare and radiant maiden, whom the angels name Lenore?
Quoth the raven, "Nevermore."
"Be that word our sign of parting, bird or fiend!" I shrieked, upstarting--"Get thee back into the tempest and the Night's Plutonian shore!Leave no black plume as a token of that lie thy soul spoken!Leave my loneliness unbroken! -- quit the bust above my door!Take thy beak from out my heart, and take thy form from off my door!"
Quoth the raven, "Nevermore."
And the raven, never flitting, still is sitting, still is sittingOn the pallid bust of Pallas just above my chamber door;And his eyes have all the seeming of a demon's that is dreaming.And the lamplight o'er him streaming throws his shadow on the floor;And my soul from out that shadow that lies floating on the floor
Shall be lifted--- nevermore!
terça-feira, 10 de julho de 2007
terça-feira, 3 de julho de 2007
é NóIs nA aTivA Di noVo!! Aeeee!
Que personagem do Seinfeld é você?
Trazido a você por Soul Fire
Na boa, tinha que registrar isso aí em cima, que vi no blog de um coleguinha meu que é tudo de supercool, além de nerd- inevitavelmente. Tenho que concordar, que tudo que tiver de louco ou de completamente louco tem realmente alguma coisa a ver comigo, já estou começando até a acreditar nisso. E pra falar a verdade, nem vejo Seinfield, Desperate Housewives, nem nenhuma dessas séries-febre do tipo. A única que realmente estou a fim de ver é Hero e a última que vi foi The O.C., e mesmo assim porque apareceram uns DVDs desse povo aqui em casa e ainda nem lembrei de pedir pra minha irmã. Não que não tenha tempo (ah, tempo pra sustentar vício a gente sempre arruma!), mas televisão é um negócio que realmente me dói a cabeça quando fico exposta mais que 20 minutos (incrível eu conseguir assistir um filme todo sem ter dor de cabeça) .
Mas enfim, nem tanto às séries, nem tanto aos personagens. Ver esses testezinhos toscos de Internet meio que me lembrou da minha adolescência, sei lá. Nunca ouvi falar de ninguém que nunca não tenha feito pelo menos UM na vida. Isso faz parte da sanidade mental de qualquer sujeito que se preze na sociedade virtual. Pra falar a verdade, adoro esses testes tosquinhos. E foda-se o ceticismo. Dá pra descobrir cada coisa fazendo essas baboseiras na Internet que nem duvido que tenha gente trocando sessão de análise por livro de auto-ajuda de rodapé de teste por aí.
Mas enfim, de novo... gastar tempo fazendo teste de Internet é terapia. Até me lembra de quando eu não tinha tanta tara por trabalho (ou não fingia ter tanta, quem sabe). Mas o negócio é que chega um ponto em que esse papo de "meu nome é trabalho" acaba enchendo o saco. Haja visto os séculos que deixei meu bloguezinho aqui, esquálido, sozinho, entregue às baratas virtuais. Imagina, achar que blogar é diversão. A proposta era fazer desse negocinho aqui meio como um vaso sanitário mental aberto pra quem tiver nariz (leia-se paciência) pra cheirar. E bem, depois de quase decretar a morte do meu brinquedinho aqui, eis que algumas palavras começam a chover na tela. Bom sinal. Já enjoei de ter hiato criativo (coisa de que já me cansei de lamuriar por aqui), e ao mesmo tempo, esses quase dois meses que deixei de blogar podiam render um livro. Certamente, assunto pra postar teve. Mas a desculpa é sempre a mesma - o tempo e a falta dele...
E só pra deixar a "audiência" mais tranquila, prometo que amanhã começo uma dieta, prometo escutar menos música barulhenta daqui pra frente e prometo achar um namorado que me aguente nos próximos dois meses. E desprometo que vou blogar com mais frequência, porque se eu conseguir cumprir com essas promessas aí... cara, é porque realmente milagres não só existem como eu vou até começar a blogar em miguxês! Me aguardemmm! AtÉ iNtErcaLar LeTraS MaiÚscULas e mInúsCulAS qUe nEm EmO eU Já tô APrenDenDo... fAlTa sÓ dEsaPrenDEr o PorTuGuês! (o que não é muito difícil quando se fica por mais de uma hora escrafunchando Orkuts da turminha dos 14 anos (mas sem preconceitO!)... ;-)
sábado, 5 de maio de 2007
Momento Ano Novo
quarta-feira, 25 de abril de 2007
Na roda-viva do mundo
Quantas vezes você parou para ver como o sol estava brilhando no céu azul de hoje? Ou, a quantas pessoas deu um "bom-dia!" com um sorriso no rosto? Ou ainda, quantos filmes você assistiu nas últimas três semanas? Não estranhe e nem se envergonhe se sua resposta for "nenhuma das alternativas acima" para as coisas que tenha feito. Afinal, quem vos fala aqui também é uma vítima dessa doença moderna que é a pressa. E isso vai muito além de ficar trancafiado em um escritório iluminado com lâmpadas fluorescentes, passar pelos colegas dizendo bom-dia com um copo de café na mão (numa velocidade incrível para sua mesa, porque o dia começa e é preciso trabalhar!) ou adiar aquela sessão de cinema com os amigos por meses.
A pressa é um problema de saúde pública. É uma falha na constituição da cultura do mundo moderno, que premia quem consegue produzir cada vez mais em um espaço de tempo cada vez menor. A lógica da divisão social do trabalho tomou conta da vida familiar e individual do homem moderno, gerando o estresse em todas as áreas. Todos têm pressa, mas é preciso ter sempre em mente que ninguém é insubstituível. Se alguém, visando maximizar a sua produção, sacrifica sua saúde mental e emocional a ponto de sofrer da "síndrome de burn-out", pode se considerar quase no fim da linha. Diretamente relacionada à pressa e ao estresse profissional, esta síndrome é "definida como uma reação à tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto, excessivo e estressante com o trabalho. É caracterizada pela ausência de motivação ou desinteresse; mal estar interno ou insatisfação ocupacional que parece prejudicar, em maior ou menor grau, a atuação profissional de alguma categoria ou grupo profissional", de acordo com o médico psiquiatra e ex-professor da faculdade de Medicina da PUC de Campinas, Geraldo José Ballone.
Para o médico, o "desacelerar" é uma escolha individual que deve ser priorizada para se evitar conseqüências mais sérias, como a depressão: "de qualquer forma, a pessoa que vive o estresse deve ter sempre em mente uma meta a ser conquistada e que diga respeito às mudanças de hábitos para uma vida mais sadia". Hoje já há movimentos que privilegiam o ritmo "slow" de ser. Em oposição à cultura dos fast-foods celebrada por McDonalds e similares, os italianos criaram o Slow Food e o Città Slow, cujo mote é mais vagarosidade no comer e no viver. Há também o japonês Clube da Preguiça e até uma conferência anual da Sociedade para a Desaceleração do Tempo, que acontece na cidade austríaca de Wagrain. Lá, a palavra de ordem é a alemã eigenzeit (tempo próprio).
Aderir a um destes "programas" adaptando-os para a forma como se vive no Brasil seria o ideal, apesar de que isso nem sempre é possível, porque, como sabemos, a história por aqui é um pouco diferente. Mas o professor Ballone ainda deixa uma dica (principalmente para quem não pode ir à Itália ou aos Alpes Suíços para participar dos slow movements): nada melhor para se desestressar do que fazer uma atividade física. "Exercício acaba por diminuir as tensões emocionais acumuladas, melhora a auto-estima e afasta o pensamento obsessivo da pessoa para as questões vivenciais estressoras". Mas é importante que cada pessoa faça seu eigenzeit, senão a academia pode se tornar mais um fator de estresse (...e ter o efeito contrário!).
quarta-feira, 18 de abril de 2007
Se conselho fosse bom...
domingo, 15 de abril de 2007
Eu, embasbacada
sábado, 7 de abril de 2007
Little drops II
É a hora que eu tenho que concordar com o Mc Luhan, que já previa ‘os meios de comunicação como extensão do homem’ e o ‘meio é a mensagem’. Cara... bizarro demais esse negócio.
sexta-feira, 6 de abril de 2007
oh, vita! oh vita mia...
É, e esse negócio de projeto de monografia tá mesmo me tirando do sério. O foda é que não consigo ir nem pra um lugar, nem pra outro. Culpa do tal do ‘hiato criativo’ de novo. Se fico aqui, na frente do PC, não consigo fazer sair nada. Hoje passei o dia acordada (pra variar) e meus neurônios continuaram dormindo, feito pedra. Se resolvo sair de casa, a ‘culpa cristã’ me vem nas costas e junto aquela sensação de ‘você devia estar estudando agora!’. Se resolvo ficar, continuo na mesma. E como se não bastasse, ainda preciso terminar um zilhão de coisas pra semana que vem. Desse jeito, vou acabar virando mais uma drop-out na faculdade. Sair fora mesmo.
Dizem por aí que chega um momento na sua vida em que, se você começa a filosofar demais, fica doido. Morro de medo de isso acontecer comigo. Não que eu seja uma espécie de eremita urbana, mas, afinal de contas, TUDO é motivo pra causar. TUDO é motivo pra me fazer pensar em alguma coisa. Muito, mas muito foda isso, porque na verdade se só pensar nos problemas conseguisse resolver todos eles, acho que ninguém teria mais nenhum. Mas enfim, né? “O que não tem remédio...”
Então o negócio é botar a cabecinha pra funcionar e sair dessa areia movediça da falta de idéias. Alguém tem uma boa pra me sugerir?
segunda-feira, 2 de abril de 2007
Eu, etiqueta
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, premência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-lo por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer, principalmente.)
E nisto me comprazo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar,
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo de outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mar artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.
Little drops
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This pressing-into-yourself too much is highly destructive and harmful. People should just do it to themselves in extreme cases. Or all the time in those helpless extreme-cased-lives…
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Viva a liberdade de expressão, a Internet, o mundo pós-moderno e a democracia. Pena que ninguém saiba exatamente o que cada um deles significa. Mas viva mesmo assim!
quinta-feira, 29 de março de 2007
"Efeito Borboleta"
Apesar da tranqüilidade ao meu redor, por quê meus pensamentos não podiam (e parecem não poder mesmo) se ordenar tão harmonicamente da mesma forma? Por quê o pensar no futuro é tão inquietante? (Tiro os meus chinelos e o vento roça suavemente os meus cabelos. Um casal sobe a rua de baixo. O CD já deve estar em uma de suas últimas músicas e a luz da casa do meu vizinho se acende. Uma buzina corta a harmonia por um momento. Mas só por um momento...) Por quê minha vida não podia ser só aquela, imaginando que o caos não existe e que as pessoas não brigam? Mas eu simplesmente não podia. Meu coração inquieto dentro de mim não parava de se lembrar das doses cavalares de informação que recebe todos os dias, das fotos das pessoas mortas no Iraque ou da entrevista do presidente no rádio hoje. Então, eu começava a me sentir tão impotente e tão indefesa diante disso tudo. Tudo o que eu queria fazer era me concentrar na paisagem e arejar a cabeça repelindo a vespas que voavam ao redor da minha ilustre cognição pseudo-científica (e enquanto isso, mais dois ou três carros descem a rua de baixo e um cachorro late estridentemente no outro quarteirão...).
Aí eu fiquei a me perguntar: que mundo é esse que deixaram para a gente e o que podemos fazer com ele? Ou melhor, o que VAMOS fazer com ele? Como era de se esperar, eu não tenho a resposta para tais perguntas (um telefonema interrompe as minhas perguntas), mas na verdade todo mundo já sabe a resposta e ninguém liga mesmo. Mas, para tentar aliviar e acalmar as dúvidas, nada como uma dose de pensamento positivo, auto-confiante em seu mais brando senso comum: “se conseguir me mudar a mim mesma, é certo que as coisas ao meu redor também irão mudar”. Não sou muito de acreditar em correntes de Internet, mas uma frase de alguma delas ficou gravada em minha mente: “o que você faz e como age no seu dia afeta pelo menos dez pessoas...”. Bom, se são dez ou se são cem, na verdade não me lembro direito. O fato é que sempre afetamos e inspiramos a alguém (minha irmã agora me pára e pergunta umas coisas sobre a minha mãe e mais dois carros sobem a rua de baixo, numa velocidade um pouquinho acima do usual). E se o que fazemos afeta as pessoas ao nosso redor, podemos afetar muito mais gente do que imaginamos... Isso me lembra até daquela teoria de que se uma gota d’água cai no oceano, mexe com toda a estrutura dele. Bom, quem sabe isso também funcione com as pessoas?
Talvez... Alguém aí do outro lado assistiu Babel? Qual é a moral da história bolada por Iñarritu que não seja essa? “o bater de asas duma borboleta na China pode causar um Katrina no Rio de Janeiro”... bom, eu queria estar na China pra matar essa borboleta então. Mas no fundo, no fundo, essa teoria-que-soa-pseudo-científica deve ter mesmo um pouco de verdade. Afinal (só pra citar um caso mais extremo), depois que o Zé Ninguém do Mark David Chapman matou o John Lennon, em 1980, o mundo nuca mais foi o mesmo. E foi uma balinha só, ele poderia até ter errado o alvo. Um exemplo mais prático: depois de anos e anos tratando o planeta como uma lata de lixo, as pessoas finalmente perceberam que o cataclismO está perto. É, e quem vai pagar o pato são pessoas como eu e você, que me lê agora, daqui a não muito tempo (e nisso a noite cai e os carros param de passar. Talvez tenham me ouvido pensar e ficaram com medo de sair de casa pra não poluir mais a rua de baixo), infelizmente.
E enquanto isso tem gente achando que basta ser idiota como o George Bush Filho (a.k.a. Charles Manson, que, convenhamos, era literalmente filho de uma puta) para gerar um impacto negativo enorme na sociedade... cheguei à conclusão de que não necessariamente é preciso ser tão estúpido para fazer ações tão escabrosas. Ele só fez isso porque era presidente. Mas se o ilustríssimo tivesse o revólver do Mark David Chapman na mão, mataria o Lennon também (Iñarritu para presidente ianque!). Com isso, caras como o ilustríssimo aí nem precisam da teoria da borboleta para gerar um impacto. Mas para nós, que somos pessoas normais, talvez ela funcione e seria legal se prestássemos atenção nisso mais vezes.
Quanto aos carros na rua de baixo, parece que não há mais nenhum. Deve ser o medo de causar uma chuva ácida no Camboja.